Cerca de 10% da população mundial sofre de transtornos mentais e, entre os países latino-americanos, o Brasil é líder em casos de ansiedade e depressão, atingindo quase 19 milhões de pessoas. Como consequência, a busca por medicamentos psiquiátricos tem aumentado, com um crescimento de 58% nas vendas entre 2017 e 2021, de acordo com o Conselho Federal de Farmácia.
Infelizmente, muitas pessoas interrompem o uso desses medicamentos sem consultar um médico, o que pode levar a sintomas de abstinência e também à recorrência intensificada dos sintomas originais dos transtornos. Especialistas enfatizam a necessidade de um tratamento contínuo, com consultas médicas regulares e abordagens individualizadas.
Esse abandono repentino deve-se em grande parte aos efeitos colaterais dos medicamentos psiquiátricos, como redução da libido, sonolência, ganho de peso e efeitos gastrointestinais, entre outros. Os médicos aconselham os pacientes a relatarem quaisquer efeitos indesejados para que possam encontrar soluções alternativas, mas não simplesmente desistir do tratamento.
Ao parar de tomar medicamentos psiquiátricos, é importante um processo de "desmame" adequado. Esse processo deve ser gradual, sob a supervisão de um médico, e considera fatores como a estabilização dos sintomas e a recuperação do cérebro.
Psicóloga explica o que é a TCC e como ela ajuda no tratamento da ansiedade Nesta primeira entrevista em vídeo, o Sem Transtorno apresenta sua mais nova parceira, a psicóloga Flávia Paes, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental. Entenda um pouco mais sobre a tão falada TCC, como ela auxilia no tratamento do pânico, das fobias específicas, como o medo de avião, e de outros transtornos de ansiedade. Flávia também fala sobre a combinação medicação - psicoterapia e sobre a importância de se quebrar preconceitos, e ser feliz. :)
Espero que gostem da novidade, muitas outras ainda estão por vir! Continuem acompanhando o Sem Transtorno, lendo e agora assistindo também!!! ;) Um abraço a todos, saúde, paz e... CORAGEM! <3
Flávia Paes é psicóloga especialista em TCC (CRP 29051-05), doutoranda em saúde mental (Ipub/UFRJ) e Neuropsicóloga (USP).
O Ambulatório de Ansiedade (AMBAN), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, iniciou suas atividades em 1985 com o objetivo de realizar estudo multidisciplinar em diferentes aspectos do tratamento do TRANSTORNO DE PÂNICO.
Visando pesquisar transtornos ansiosos - anteriormente denominados neuroses -, o AMBAN utiliza a infra estrutura do Instituto de Psiquiatria para o desenvolvimento de estudos Científicos. O estudo da ansiedade foi uma das áreas da Psiquiatria em que ocorreram significativos progressos, com desenvolvimento de tratamentos de grande eficácia.
Uma das maiores preocupações dos participantes do AMBAN tem sido multiplicar o conhecimento de técnicas através de treinamentos de profissionais e trabalhos de pesquisa para alcançar novos conhecimentos em uma área tão complexa. A equipe do Ambulatório vem colaborando com o desenvolvimento desse progresso através de um intenso intercâmbio científico com profissionais nacionais e estrangeiros. Além de ser um grupo de pesquisa e educação em saúde, o AMBAN presta serviços à comunidade e à população em geral através de atendimentos pré agendados, tratamentos dos transtornos ansiosos e divulgação de material informativo técnico e científico junto ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Atividades em Ensino e Divulgação Científica
Uma linha de atuação que é considerada essencial pelo AMBAN é a formação e qualificação de profissionais, tanto para a realização de pesquisas, como para a utilização dos modernos recursos terapêuticos em Psiquiatria.
A partir de 1989 foi colocado em funcionamento o Ambulatório de Ansiedade Didático (AMBAN - Didático). Este serviço tem por objetivo oferecer treinamento, sob supervisão, para psiquiatras e outros profissionais de Saúde Mental, no tratamento de transtornos ansiosos. Já recebem treinamento no AMBAN-Didático, anualmente, cerca de 20 profissionais médicos, além de psicólogos e assistentes sociais.
Em 1997 foi criada a Liga de Ansiedade, que visa a aquisição da experiência do Ambulatório pelos alunos da Faculdade de Medicina da USP, e a partir de 1999 também para os alunos da Faculdade de Medicina do ABC. Vários componentes da equipe têm participação ativa e regular como docentes em cursos de Graduação, Residência Médica e Pós-graduação.
Com o intuito de discutir os trabalhos de pesquisa que desenvolve e promover o intercâmbio com profissionais ou pesquisadores que trabalhem em áreas afins, o AMBAN realiza semanalmente reuniões científicas abertas aos interessados no Instituto de Psiquiatria.
O Instituto tem também organizado cursos com professores nacionais e estrangeiros seminários e simpósios científicos.
Contato: Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 785 Cerqueira César – São Paulo – SP CEP: 05403-903 Tel.: (11) 2661-6988 www.amban.org.br
O grupo de apoio Sem Transtorno tem como objetivo reunir pessoas com diagnóstico de transtorno do pânico (síndrome do pânico) e ansiedade generalizada (TAG), oferecendo acolhimento, informação, encorajamento, sempre incentivando a busca por tratamento adequado.
Nossas atividades não interferem na relação médico - paciente e não possuem qualquer vínculo religioso.
Quem pode participar?
Pessoas com transtorno do pânico ou ansiedade generalizada (TAG).
Familiares e amigos também são bem-vindos.
Onde e quando são feitas as reuniões?
No primeiro sábado do mês, das 9h30 às 11h30, no shopping Downtown, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
As reuniões são pagas?
Não, as reuniões são gratuitas. O grupo de apoio se mantém com recursos próprios e contribuições voluntárias de seus membros.
Como se inscrever?
Uma triagem é feita pela organização do grupo. As inscrições devem ser feitas clicando neste link ou enviando e-mail para semtranstorno@gmail.com .
Clique aqui e assista à matéria sobre o nosso grupo de apoio feito pelo programa Encontro!
Karen Terahata e Fatima Bernardes (foto: Igor Igarashi)
Não sei se por nervosismo, mas o fato é que não falei nem metade do que gostaria - e deveria - ter falado.
Esta não é nem de longe "A" entrevista sobre o Transtorno do Pânico, de qualquer forma o importante é que aos pouquinhos vamos aparecendo para o grande público, mostrando nossas dificuldades, nossas necessidades, e nossas conquistas também.
E chegar ao programa da Fatima Bernardes, por si só, já é uma coisa incrível, não é não?!! Eu adoro a Fatima!!!! E devo isso a vocês, que confiam em mim, que me acompanham no blog, no facebook, que me incentivam tanto a continuar.
Agradeço a todos os membros do Grupo de Apoio Sem Transtorno, especialmente àqueles que atenderam ao meu pedido (pedido não, apelo desesperado mesmo! rsss) e que se deslocaram até o local dos nossos encontros em pleno dia de semana, horário de rush, para dar seu depoimento pro programa. Assistindo hoje, ao vivo, fiquei muito emocionada!!!! Obrigada!!!! <3
Obrigada também ao Núcleo Integrado por ter nos recebido mais uma vez, assim como à equipe da TV Globo.
A sensação é de dever cumprido e de esperança por novas oportunidades!
Saúde, paz e coragem para todos nós!!! :)
Sobre o Grupo de Apoio Sem Transtorno
Depoimento Karen
Isabelle foi diagnosticada há dois anos e está sem crises
Respirar, Meditar, Inspirar De Priscilla Warner Editora Valentina
"Uma jornada de mil milhas com um único passo, disse Lao-Tzu, autor do Tao-Te-Ching, ou Livro do Caminho e da Virtude. E, por vezes, esse único passo é quase o mesmo passo dado várias vezes". A citação escolhida por Priscilla Warner talvez seja a forma mais emblemática de resumir sua trajetória, em busca da cura da Síndrome do Pânico, em Respirar, Meditar, Inspirar. Medicina, religião, terapias alternativas orientais, neurociência, amizades, família. Não faltaram instrumentos da corajosa busca desta autora norte-americana pelo autoconhecimento da alma, espírito e corpo.
Priscilla Warner tinha uma família feliz, boa condição financeira, amigos. Mas um trauma sofrido aos 15 anos a atormentou por mais de 40 anos, a ponto de levá-la à dependência de remédios e bebida. A busca pela paz interior e a luta pela resolução do problema a conduziu a retiros e palestras com líderes budistas, como Dalai Lama, a consultas com médicos, neurocientistas, psicoterapeutas, e até musicoterapeutas. Em Respirar, Meditar, Inspirar, Priscilla divide um diário de intimidades com o leitor, em tom carinhoso, de amizade e alegria. Trata-se de um guia inspirador para os que estão enfrentando pequenos e grandes desafios diários, para os que buscam uma confortante sensação de paz, autoaceitação e compreensão.
Na obra os leitores poderão encontrar dicas de métodos que a autora recomenda para se manterem calmos, felizes e em paz. Sobre a autora: Priscilla Warner formou-se na Universidade da Pensilvânia, trabalhou muitos anos em publicidade como diretora de arte, em Boston e em Nova York. Saiu em busca do guia espiritual que todos temos dentro de nós. Aprendeu a meditar e, finalmente, pode dizer que encontrou o caminho que a levou do pânico à paz. Priscilla também é coautora de The Faith Club, best-seller do New York Times com o qual excursionou pelos Estados Unidos por três anos. (texto adaptado de release enviado pela editora Valentina)
No dia 14 de julho de 2014, tive o privilégio de ser entrevistada pela jornalista Leda Nagle no programa Sem Censura. Assista! Dor no peito, tontura e medo de morrer são algumas características da síndrome do pânico. A jornalista Karen Terahata superou a síndrome, criou um blog e um grupo para ajudar outros portadores da doença. O psiquiatra Marco André Mezzasalma participa do programa e explica o transtorno do pânico. Apresentação: Leda Nagle
Minha participação hoje no programa Sem Censura foi muito bacana.
Leda Nagle foi extremamente generosa comigo e com o tema que tratamos. Falar sobre o transtorno do pânico para tanta gente, e ao vivo, foi uma experiência incrível, que sensação boa de superação...
O programa contou com a participação de Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas, que revelou ter sofrido uma crise de pânico há dez anos e aproveitou para gravar uma mensagem para os leitores do Sem Transtorno.
De acordo com a programação da emissora, o programa será reprisado daqui a pouco, às duas e meia da manhã. De qualquer forma, assim que disponibilizarem o vídeo, compartilho aqui com vocês.
Dedico este dia especial ao meu marido, Marcelo, que está sempre do meu lado me incentivando a batalhar pelo Sem Transtorno. Obrigada, meu amor, meu pensamento esteve o tempo todo com você.Um abraço a todos, saúde e paz.
Lídia Brondi (à esq.) com Glória Pires em Vale Tudo (foto: divulgação TV Globo)
Lídia Brondi
Este é um dos casos mais conhecidos de pessoas famosas que foram - ou ainda são - vítimas da ansiedade patológica no Brasil. A atriz Lídia Brondi era bastante popular nas décadas de 1970 e 80. Ela chegou ao auge da fama em 1988, como a jornalista Solange, na novela "Vale Tudo", e afastou-se completamente da TV e dos palcos alguns anos depois, em 1992. De acordo com o pai de Lídia, o pastor Jonas Rezende, ela teve síndrome do pânico e deixou a profissão de lado para cuidar da saúde. Ao libertar-se do problema, decidiu dar uma nova direção à própria vida. Lídia está hoje com 53 anos, é casada há 23 com o ator Cássio Gabus Mendes, formou-se em psicologia, tem uma filha e raramente é vista em público.
Jennifer Lawrence (foto: reprodução Getty Images)
Jennifer Lawrence
Quem vê a bela atriz interpretando a corajosa Katniss Everdeen em "Jogos Vorazes" não imagina que ela já sofreu de fobia social. O problema se desenvolveu na infância de Jennifer e, apesar das sessões com terapeutas, ela não obteve resultados até se encontrar nas artes cênicas. "Um dia implorei aos meus pais para me levarem a uma audição em Nova York. Foi lá que comecei a atuar. Quando subi no palco, minha mãe disse que viu minha ansiedade desaparecer", disse à revista francesa Madame Figaro.
Gusttavo Lima (foto: reprodução internet)
Gusttavo LimaNo ano passado, o cantor Gusttavo Lima revelou ter síndrome do pânico. A doença teria se manifestado após a fama: "Com essa correria toda, se eu for num lugar sozinho, num shopping, passo mal", ele diz. Gustavo também sente medo de ficar sozinho: "Dia desses saí de casa às 4h da manhã para ir a uma loja de conveniências, mas não tive coragem de descer porque estava sozinho. Sabe aquela insegurança de andar sozinho? Então, eu tenho isso." Andar de avião também é uma tarefa complicada para o cantor, e ele é obrigado a se deslocar pelo país constantemente para compromissos profissionais. Por conta disso, Gusttavo está sempre acompanhado de seus funcionários. "Em todo lugar que eu vou, tem gente comigo. Não gosto de sair sozinho", ele explica.
Johnny Depp (foto: reprodução internet)
Johnny Depp Quem diria que por trás do divertido e aventureiro pirata Jack Sparrow estaria um ator com um medo um tanto incomum? Pois Johnny Depp tem pavor de palhaços (coulrofobia) e costuma ter pesadelos com eles periodicamente.
Javier Bardem O vilão do último filme de 007 não dirige de jeito algum. O medo de Javier é tão grande que ele nunca sentou-se atrás de um volante. "Só nos filmes", acrescenta.
Javier Bardem
(foto: reprodução internet)
(fonte: O Globo, Wikipedia, msn.com (Famosidades), M de Mulher, Folha de S. Paulo)
Neste programa "TV ALERJ Debate", as chamadas "doenças modernas", como os transtornos de ansiedade e a depressão, estão em pauta.A entrevista foi gravada na última segunda-feira, dia 7 de julho, no belíssimo Palácio Tiradentes, que abriga a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e a TV ALERJ. Esta entrevista será exibida pela TV ALERJ amanhã, dia 12 de julho, às 22:30h, e no domingo, às 15:30h.
Erik Engelhart - revista Tatame (publicado em 26/05/2014) Conhecido pelo inusitado apelido de "Cara de Sapato", Antônio Carlos Junior impressionou o mundo com seu Jiu-Jitsu progressivo e dinâmico. (...) Apesar de ser jovem, já enfrentou problemas muito mais duros do que seus adversários, como a síndrome do pânico, desencadeada após a perda do melhor amigo. Trauma e redenção Após faturar peso e absoluto no Brasileiro e Mundial de 2010, com a faixa marrom na cintura, Antônio repetiu a dose na seletiva para o Abu Dhabi Pro do mesmo ano, feito que lhe rendeu a faixa preta. No auge de sua carreira, o lutador sofreu a maior derrota de sua vida, logo no começo de 2011. Um de seus melhores amigos, o lutador Rufino Gomes, foi assassinado a tiros na capital da Paraíba. (...) "Eu já estava passando por algumas dificuldades e depois desse trauma, tive síndrome do pânico. Foi bem difícil pra mim. Eu não estava conseguindo treinar direito, viajar, não conseguia me concentrar. Comecei a fazer tratamento, terapia e todos os meus amigos de verdade e familiares me incentivaram, inclusive meu professor”. Após conseguir superar esse trágico capítulo de sua vida, o faixa-preta colheu bons frutos. Sagrou-se campeão absoluto do Pan-Americano 2012 e deu um show à parte em Irvine, na Califórnia. Ele levantou o ginásio ao finalizar o duríssimo Leandro Lo com um triângulo voador, nas quartas de final do absoluto. (...) “É inacreditável o que está acontecendo na minha vida… Ano passado, apesar das crises e momentos difíceis, consegui um terceiro lugar em Abu Dhabi. Perdi para o Rodolfo Vieira por uma vantagem, finalizei o Bernardo Faria, ganhei do Lagarto… Esses caras são ícones do esporte e essas vitórias me fizeram acreditar, confiar que dá para acontecer, que dá para a gente fazer se tivermos fé. Conquistei meu primeiro título na preta, que foi o Brasileiro, e agora o absoluto no Pan, estou vivendo um sonho”, vibrou o lutador. Leia a matéria completa. Veja também: Sem Transtorno Entrevista Cara de Sapato Leia ainda: Cara de Sapato torna-se campeão na categoria peso-pesado do TUF 3 (portal Terra)
Diariamente, recebo mensagens de pessoas de todo o país pedindo indicações de médicos, psicólogos, grupos de apoio, spas, terapeutas diversos (acupunturistas, massoterapeutas, professores e academias de Yoga...). Mas como sempre morei no Rio de Janeiro, acabo tendo acesso somente a profissionais da minha cidade. Por isso, peço a ajuda de vocês, portadores de transtornos de ansiedade que tenham bons profissionais ou grupos de apoio para indicar, que me enviem suas indicações pelo e-mail semtranstorno@gmail.com Muito obrigada desde já, saúde e paz para todos nós! Karen
Muitos jovens ficam sem diagnóstico, pois sinais se parecem com problemas típicos da idade, dizem especialistas
Jovem de 16 anos que luta contra a depressão (foto: Fabio Seixo)
Flávia Milhorance - Jornal O Globo (editoria Sociedade)
Publicado:
“Fico muito triste de repente. Para aliviar essa tristeza, cortava a pele, me queimava, me mordia. Fiz isso várias vezes”. O relato é de uma jovem de 16 anos, a caçula da família. Ela vive uma rotina difícil, com pai alcoólatra, além de mãe e irmã mais velha dependentes de drogas. No colégio, a delicada situação familiar serve de motivo para o bullying, o que a levou a se isolar na biblioteca durante o recreio. Diz não ter amigos. Passa o intervalo lendo, gosta de romances como os de John Green, mas não consegue se concentrar, e seu rendimento escolar caiu.
O psiquiatra que a atende na Santa Casa de Misericórdia do Rio, Gabriel Landsberg, conta que ela sofre de depressão e ansiedade. Embora seu ambiente desestruturado colabore, as crises depressivas são comuns nesta fase. Um novo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que esta é a principal causa de doença entre jovens de 10 a 19 anos. O tratamento precoce é a melhor forma de prevenir problemas graves no futuro, não apenas de adolescente, mas de adultos, e por isso foi tema de mais uma edição da série Encontros O GLOBO Saúde e Bem-Estar, na Casa do Saber O GLOBO.
- A automutilação não ocorreu para chamar atenção nem foi, de fato, uma tentativa de suicídio. É que a dor física era mais suportável do que a emocional - explica Landsberg ao falar sobre a menina. - Há muitos adolescentes sem diagnóstico porque não pedem ajuda. Os pais acham que os sinais são típicos da idade.
Uma dor que permanece oculta
Isolamento, irritabilidade, rebeldia, melancolia. Características consideradas típicas da adolescência podem ser indícios de uma depressão. A psicanalista Sara Kislanov, palestrante dos Encontros, acrescenta que o jovem passa por modificações hormonais, está em busca de uma identidade e tem a perda de idealizações, por exemplo do corpo ideal, que podem se transformar em conflitos mais sérios.
- É um momento muito sofrido, de muitas perdas, que provavelmente contribui para o aumento do índice de depressão - afirma.
Há pouco mais de um ano, Vinícius Brandão teve a doença. Mudou-se de cidade, ficou desempregado, tinha saudade da vida anterior. Sentia-se sozinho e isolava-se cada vez mais. Conseguiu sair desse ciclo vicioso com a ajuda médica.
- Na terapia acabei descobrindo que tive depressão desde bem novo. Era tímido, gordinho, me sentia excluído, sofria muito bullying - comenta o jovem, que hoje planeja realizar um documentário sobre a doença.
- Descobri que há muita desinformação sobre o tema, muitos acham que é uma frescura.
Chefe da psiquiatria infantil da Santa Casa, Fábio Barbirato destaca que 12% dos jovens de 12 a 18 anos sofrem de depressão, enquanto esse índice não chega a 10% entre adultos. Além disso, 77% dos adultos com depressão tinham histórico de sintomas também na infância ou adolescência.
- Há riscos graves de uma depressão não tratada, entre eles, evasão escolar, abuso de álcool e até suicídio, a terceira maior causa de morte entre adolescentes - exemplificou o psiquiatra que está reestruturando o ambulatório da Santa Casa para receber até 80 crianças e jovens com depressão. - A doença pode ser grave, mas às vezes é vista como um mal menor.
No Brasil, 21% dos jovens entre14 e 25 anos têm sintomas indicativos de depressão. Entre as mulheres, a proporção é de 28%, segundo dados do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
- Notamos ainda que o álcool estava relacionado ou ocorria ao mesmo tempo em que o jovem contava que se sentia deprimido ou pensava em atos suicidas - ressalta Ilana Pinsky, professora da Unifesp e uma das coordenadoras do estudo, que ainda explica: - O álcool é um depressor do sistema nervoso central, além de estimular atos impulsivos.
Além do abuso do álcool, outro fator que preocupa quando o tema é depressão ou ansiedade é o uso de medicamentos. Não à toa, a FDA (agência de remédios nos EUA) e o Instituto de Saúde Mental do país pedem maior cuidado na prescrição de adolescentes. Na verdade, o alerta deve ser geral, defendem especialistas. O uso de antidepressivos e ansiolíticos é recomendado para casos específicos e pode causar dependência. Mesmo assim, uma legião de pessoas parece não se importar com os riscos.
Medicamento para quem precisa
Para se ter uma ideia, na comparação entre abril de 2010 e abril de 2014, a venda do popular ansiolítico Rivotril cresceu 25% (de 40,3 mil unidades para 50,3 mil), segundo levantamento feito pelo IMS Health a pedido do GLOBO. Isso torna o país o segundo maior consumidor desse medicamento no mundo. Além disso, a venda de antidepressivos cresceu 7% na comparação entre abril deste ano e de 2013; e atingiu o montante de R$ 2,2 bilhões só em abril passado.
- O tratamento da depressão não se restringe à prescrição de remédios. Eles têm efeitos colaterais sérios, e digo sempre que a cura não pode ser pior que a doença - afirmou o psiquiatra Marco Antonio Alves Brasil, palestrante dos Encontros.
(foto: Gustavo Miranda)
O psiquiatra, assim como Ilana Pinsky, admite que há casos em que os remédios de fato ajudam. É o que também busca lembrar Karen Terahata, de 38 anos, diagnosticada com depressão e síndrome do pânico. Ela hoje mantém o blog “Sem Transtorno” para esclarecer “pontos negros” sobre essas doenças. E o uso de medicamentos é um dos principais:
- Um dos meus objetivos com o blog é quebrar preconceitos, entre eles o da medicação. Claro que nem todos devem usá-la, mas eu mesma resistia ao uso pelos medos criados na sociedade: de que causam dependência, são a falsa pílula da felicidade, e por aí vai. Hoje tenho uma qualidade de vida que não tinha.
Vira e mexe alguém me pergunta se acredito na "cura" do pânico sem uso de remédios.
Em primeiro lugar, não sei realmente se existe cura para o pânico nem para outros transtornos de ansiedade. O que sei é que é possível controlar os sintomas e conviver bem com eles.
Ao longo desses mais de 17 anos de convivência com o pânico, já usei florais, Maracujina, passiflora, chá de camomila, de erva-doce, e várias outras alternativas fitoterápicas. Nenhuma delas fez efeito comigo.
Isso não significa que não ache que possam ter bons resultados com outras pessoas. Minha mãe, por exemplo, sempre tomou Maracujina e Passiflorine nos dias mais punks e até hoje, no alto de seus 80 anos, nunca precisou recorrer a um tarja preta. Por outro lado, uma simpática senhora septuagenária que esteve em uma das reuniões do meu grupo de apoio nos contou que tomava antidepressivo há uns 20 anos: "Todos os dias tomo uns 15 comprimidos. Para pressão, colesterol, osteoporose, incontinência urinária... o antidepressivo é só mais um deles! E nem penso em deixar de tomar. Ando de bicicleta todos os dias, faço minhas coisas, me sinto muito bem!". É claro que isso depende do nível de ansiedade. Em alguns casos, quando se trata de uma ansiedade branda ou ocasionada por uma situação específica, a solução pode ser apenas mudar alguns hábitos ou buscar uma yoga, ou uma terapia - que, aliás, faz bem em qualquer fase da vida! Se a solução é fitoterápica, homeopática ou alopática não importa. O que importa, na minha opinião, é que a gente não sofra com os sintomas. Que os ataques de ansiedade e a depressão não nos tire o sono, a fome, a vontade de sair, de produzir, de se divertir, de namorar, de estudar, de viver! Se estivermos sentindo algum - ou vários - desses sintomas, devemos procurar um médico e tomar medicação SIM, sem medo de ficarmos dependentes. Isso não importa! O importante é que a gente tenha uma vida com qualidade! E daí se precisarmos tomar remédio todos os dias pro resto da vida? Quanta gente precisa?!
Inclusive, muitas de nós, mulheres, tomamos anticoncepcionais durante boa parte da vida e eles, apesar dos evidentes benefícios que nos trazem, também podem causar diversos danos à nossa saúde. É uma questão a ser avaliada, não acha? Pois ninguém melhor do que o seu médico para fazer essa avaliação com você. ;) Não deixe pra depois! Saúde, coragem e paz! :) (imagem retirada da internet)
Muito boa entrevista com a psicóloga Elaine Ribeiro no programa Trocando Ideias, da TV Canção Nova.
Pânico, depressão, preconceito, dificuldade de atendimento pelo sistema público... Seria bom que outros profissionais da área de saúde tivessem essa mesma compreensão sobre a doença e seus pacientes.
Neste final de semana tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o coordenador do GruPan (Grupo de Apoio a Portadores do Transtorno do Pânico) em Belo Horizonte (MG), Fernando Mineiro.
Fernando Mineiro é autor do livro Tenho a Síndrome do Pânico, mas ela não me tem, que há alguns anos comprei pela internet e que, desde então, tem me ajudado bastante. No livro, Fernando, que também é portador do pânico desde a adolescência, nos conta sua história com a doença - foram 35 anos em busca de diagnóstico. Além disso, dá dicas de relaxamento, de alimentação... e o mais importante: nos dá ânimo para enfrentar a doença.
Karen Terahata, Fernando Mineiro e Rosanna Talarico
"Aqui em casa não tem espaço para pensamento negativo", ele diz. "A gente tem sempre que pensar no lado bom das coisas, como a Pollyana no seu jogo do contente".
No livro Tenho a Síndrome do Pânico, mas ela não me tem, Mineiro também estimula a criação de grupos de apoio. Devo a ele, portanto, grande parte do meu desejo em ter meu próprio grupo e poder ajudar outras pessoas.
Hoje aposentado, Fernando Mineiro dedica seu tempo e energia aos portadores de pânico que o procuram. Explica tudo o que sabe sobre o transtorno e ensina com muita calma alguns exercícios de relaxamento, assim como a respiração diafragmática que ele já incorporou ao seu dia-a-dia e que, garante, não o deixa ter crises há cerca de sete anos.
Foi inspirador poder conhecer pessoalmente o Fernando Mineiro, conhecer o espaço do GruPan e alguns de seus frequentadores. Agradeço pela gentileza com que nos recebeu e gostaria de dizer à dona Rúbia, sua gentil esposa, que o suco de pêssego dela estava divino! :)
Ao meu lado nessa aventura estava a psicóloga Rosanna Talarico Mannarino, uma grande incentivadora e parceira no projeto Sem Transtorno. Devo dizer que perdi uma ótima terapeuta, mas ganhei uma amiga melhor ainda! Saúde e coragem para todos nós!!!
Obs.: Depois do encontro no GruPan, fui presenteada com uma bela surpresa do meu marido, que foi até BH para me buscar. Acabamos passando mais um dia em Minas e conhecemos a cidade histórica de Ouro Preto. Foi tudo lindo, leve! Brindamos com um delicioso capuccino no agradabilíssimo Café Cultural Ouro Preto e voltamos para casa esperançosos por dias melhores.
Sim, a vida não é perfeita, mas pode ser mais bonita e divertida! ;) * Para comprar o livro de Fernando Mineiro, entre em contato com ele através do e-mail: fmineiro@yahoo.com.br
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
Hoje recebi um belo presente do site Mais Focadas: uma matéria muito bacana sobre o pânico e o Sem Transtorno! Fiquei muito feliz!!!
Obrigada, Luciana Salgado e equipe, por essa linda surpresa!
UM ENCONTRO SEM TRANSTORNO Em 05 Fevereiro, 2014
Falta
de ar, formigamento e uma sensação de estar infartando são alguns dos
sintomas da Síndrome do Pânico, assunto sério e muito mais comum do que
se imagina. A boa notícia é que existe tratamento e suporte para quem
passa por esse problema. Foque aqui
em uma iniciativa muito bacana, organizada pela Karen Terahata, a super
focada jornalista e produtora de TV que está ajudando muita gente a ser
mais feliz!
A partir de hoje, o Sem Transtorno conta com o auxílio luxuoso do professor e pesquisador Sergio Machado. Nesta primeira entrevista, ele nos explica o que são os transtornos de ansiedade, suas principais características, e afirma que estamos diante de um dos maiores problemas de saúde pública dos últimos anos.
ST - Professor Sergio, o que são os transtornos de ansiedade? SM - Se não sentíssemos ansiedade, estaríamos vulneráveis aos perigos e ao desconhecido. A ansiedade é um sinal de alerta que nos faz ficarmos atentos a um perigo iminente e, assim, tomarmos as decisões corretas e necessárias frente a uma ameaça. Dessa forma, a ansiedade pode ser considerada um sentimento de grande utilidade para nós seres humanos. Ela faz parte de nosso desenvolvimento normal, das mudanças e das novas experiências que vivemos. A ansiedade é
considerada um transtorno quando ela se dá em situações que não se
justificam ou quando ela passa a interferir em nossas vidas devido à sua
intensidade e duração constantes.
ST - E o que é a síndrome do pânico (ou transtorno do pânico)? SM - O transtorno do pânico é um dos transtornos de ansiedade mais comuns, juntamente com a ansiedade social, o estresse pós-traumático e a ansiedade generalizada. O transtorno de pânico tem como manifestação central o ataque de pânico, que é um conjunto de manifestações de ansiedade com diversos sintomas físicos que dura em torno de 10 minutos. Normalmente, os primeiros ataques vêm inesperadamente, sem nenhum tipo de aviso. Após certo tempo, os ataques surgem por meio de um maior nível de ansiedade, ansiedade antecipatória ou podem ser desencadeados por algum tipo de situação específica.
ST - Quais são os sintomas mais comuns? SM - Os sintomas mais comuns são taquicardia, dor torácica, hiperventilação (ritmo de respiração acelerado), medo de morrer, boca ressecada, sensação de sufocação, tonteiras, sudorese, tremores, sensação de perda do controle ou de "ficar louco".
ST - Por que o pânico atinge determinadas pessoas? SM - Até o presente momento não se sabe a causa para o transtorno de pânico. A causa genética é um possível fator. Embora pesquisas como as de gêmeos idênticos indiquem que em 40% dos casos se um dos gêmeos tiver síndrome do pânico o outro também terá, em geral a síndrome ocorre sem que haja nenhum histórico familiar.
ST - Como os transtornos ansiosos têm afetado a nossa sociedade? SM - Bom, os transtornos de ansiedade são os mais comuns dentre todos os transtornos psiquiátricos, com prevalência de 20%, e vem se tornando juntamente com a depressão um dos maiores problemas de saúde pública nos últimos anos. ST - Existe uma faixa etária mais propensa às primeiras crises? SM - O transtorno de pânico é mais comum em adolescentes e jovens adultos. Desses indivíduos, cerca de metade deles tem o primeiro ataque entre os 15 e os 30 anos. As mulheres são duas vezes mais propensas a desenvolverem o transtorno do pânico do que os homens. ST - Qual deve ser o primeiro passo a ser tomado quando temos a primeira crise ansiosa? SM - Quando acontecer de um indivíduo ter a primeira crise, e isso vale para todas, deve manter-se calmo e procurar atendimento médico com um psiquiatra.
ST - Qual seria o tratamento adequado? SM - Depende sempre do nível do transtorno de ansiedade. O tratamento primário é o farmacológico, com medicamentos. De forma adicional, normalmente os pacientes fazem psicoterapia cognitivo-comportamental (TCC), atividade física, exposição por meio de realidade virtual, e atualmente alguns consultórios médicos vem realizando estimulação magnética transcraniana e estimulação transcraniana de corrente contínua.
ST - O senhor acredita em cura para a síndrome de pânico? SM - Não. Não acredito em cura para transtornos psiquiátricos, como o pânico por exemplo. O que há são tratamentos que podem levar a remissão dos sintomas, ou seja, a redução no nível dos sintomas a um ponto que não incomode ou incapacite o indivíduo. * Sergio Machado é neurocientista, Ph.D., graduado em Educação Física (UNESA), Mestrado e
Doutorado pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (IPUB/UFRJ), Pós-Doutorado em Neurofilosofia pelo Instituto
de Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia (IFILO/UFU), é
professor do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria e Saúde Mental
(PROPSAM) do IPUB/UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Atividade Física da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). É pesquisador na área de transtornos de humor e ansiedade.
Envie suas dúvidas e sugestões para semtranstorno@gmail.com