quinta-feira, 7 de março de 2013

Enrolada sim, enrolona não - eu e o TDAH



Sempre fui muito distraída.
Muito mesmo.

Quando criança, lembro que meus pais sempre brigavam comigo porque eu não prestava atenção no que eles falavam. 

"Está sempre pensando na morte da bezerra!", meu pai dizia.

Minha mãe até hoje faz questão de lembrar do dia em que me viu na escola cantando o hino nacional. Quer dizer, ela diz que todo mundo estava cantando o hino menos eu, que me distraí com um pombo, ou sei lá o que, que passou voando e fiquei viajando, olhando pro céu.

Além disso, eu sempre esquecia tudo, vivia atrasada, era estabanada, "atolada", sem jeito... especialmente com o que não me interessava (como cozinhar e fazer "coisas de mulher", por exemplo).

Meus amigos achavam engraçado e eu fingia que achava também, mas na verdade ficava triste. 

Claro, eu não fazia de propósito.

Por outro lado, sempre fui a mais concentrada pra montar quebra-cabeças, desenhar, colorir, jogar videogame, handebol... eram coisas que adorava fazer. E geralmente quem tem TDAH é assim: quando gosta de alguma coisa, se concentra mais do que ninguém.

Ultimamente tem se falado muito sobre o TDAH, que é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, uma síndrome caracterizada por distração, agitação / hiperatividade, esquecimento, desorganização, adiamento crônico, entre outras. 

No ano passado, depois de fazer um teste aplicado pela minha psiquiatra, descobri que além de ter pânico, ansiedade generalizada, claustrofobia, agorafobia, etc e tal, eu também era "um caso clássico de TDAH". Legal, não?! Transtornos variados, pra todos os gostos! :)

Num primeiro momento, duvidei um pouco, já que não me considerava hiperativa. Mas reconheço em mim TODOS os outros sintomas de forma intensa; eles sempre atrapalharam e continuam atrapalhando a minha vida. Parece que me perco nos meus pensamentos, quero fazer tudo-ao-mesmo-tempo-agora, minha cabeça não para, mas as coisas não rendem, fica tudo pela metade, e isso gera muita ansiedade (claro), angústia e cansaço. Cansaço não: exaustão.

Além disso, a hiperatividade nem sempre está presente. Talvez, a agitação sim.

Diagnóstico feito, eis que minha médica me diz que o tratamento não é tão eficaz para adultos como para crianças. Infelizmente, quando eu era criança não fazia ideia do que era TDAH e acredito que meus pais também não...

Então decidi não tomar remédio pra isso, pelo menos por enquanto.

Continuo fazendo um esforço tremendo pra terminar o que começo, pra não esquecer meus compromissos... Ok, você vai me dizer pra anotar numa agenda e eu vou te dizer que ou eu vou esquecer de olhar a agenda ou eu vou perdê-la em algum lugar! :D

A conclusão é: pais, responsáveis, professores, educadores, pediatras... prestem bastante atenção a esses sintomas nas suas crianças para que, se for necessário, elas sejam tratadas ainda na infância. 

Depois que a gente cresce, as chances de obtermos sucesso com o tratamento é muito menor.

Alguns profissionais, como pediatras e professores, acham que muitas crianças, estão sendo diagnosticadas com TDAH de forma equivocada e sendo
exageradamente medicadas com ritalina - a chamada "droga da obediência". Pois bem. Na dúvida, antes que a criança em questão seja rotulada de relaxada, irresponsável, preguiçosa ou burra, é melhor investigar.

E que tal fazer um teste agora mesmo para saber se você tem TDAH?


Saúde e muita paz para todos nós! :)

Consulta: IPDA (Instituto Paulista de Déficit de Atenção)

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