Cerca de 10% da população mundial sofre de transtornos mentais e, entre os países latino-americanos, o Brasil é líder em casos de ansiedade e depressão, atingindo quase 19 milhões de pessoas. Como consequência, a busca por medicamentos psiquiátricos tem aumentado, com um crescimento de 58% nas vendas entre 2017 e 2021, de acordo com o Conselho Federal de Farmácia.
Infelizmente, muitas pessoas interrompem o uso desses medicamentos sem consultar um médico, o que pode levar a sintomas de abstinência e também à recorrência intensificada dos sintomas originais dos transtornos. Especialistas enfatizam a necessidade de um tratamento contínuo, com consultas médicas regulares e abordagens individualizadas.
Esse abandono repentino deve-se em grande parte aos efeitos colaterais dos medicamentos psiquiátricos, como redução da libido, sonolência, ganho de peso e efeitos gastrointestinais, entre outros. Os médicos aconselham os pacientes a relatarem quaisquer efeitos indesejados para que possam encontrar soluções alternativas, mas não simplesmente desistir do tratamento.
Ao parar de tomar medicamentos psiquiátricos, é importante um processo de "desmame" adequado. Esse processo deve ser gradual, sob a supervisão de um médico, e considera fatores como a estabilização dos sintomas e a recuperação do cérebro.
(Prof. Dr. Mario Rodrigues Louzã Neto, psiquiatra e psicanalista)
O uso de bebidas alcoólicas é tão antigo quanto a própria Humanidade. Beber moderada e esporadicamente faz parte dos hábitos de diversas sociedades. Determinar o limite entre o beber social, o uso abusivo ou nocivo de álcool e o alcoolismo (síndrome de dependência do álcool) é por vezes difícil, pois esses limites são tênues, variam de pessoa para pessoa e de cultura para cultura. Estima-se que cerca de 10% das mulheres e 20% dos homens façam uso abusivo do álcool; 5% das mulheres e 10% dos homens apresentam a síndrome de dependência do álcool ou alcoolismo. (...) Freqüentemente pessoas portadoras de outras doenças mentais (por exemplo, ansiedade, pânico, fobias, depressão) apresentam também problemas relacionados ao uso de álcool. Conseqüências físicas do alcoolismo O uso excessivo de bebidas alcoólicas pode afetar praticamente todos os órgãos e sistemas do organismo. O aparelho gastrintestinal é particularmente atingido. Podem ocorrer gastrites, ulceras, inflamação do esôfago, pancreatite; as lesões no fígado podem levar à cirrose. Outros aparelhos atingidos são o cardiocirculatório (podendo ocorrer pressão alta, infarto do miocárdio), o sistema nervoso (epilepsia, lesões em nervos periféricos) e o geniturinário (impotência). Podem ocorrer também doenças devido a deficiências de vitaminas e alterações no sangue. O uso de álcool por mulheres grávidas pode levar a malformações no feto com retardo mental, malformações no coração, membros, crânio e face (síndrome fetal do álcool). Conseqüências psíquicas do alcoolismo A embriaguez ou intoxicação aguda pelo álcool é bem conhecida. A pessoa pode ficar agitada, falante, eufórica, com incoordenação motora, rubor facial. Por vezes o quadro de embriaguez é acompanhado de um esquecimento dos fatos ocorridos durante a embriaguez ("blackout"). Algumas pessoas ficam embriagadas com doses muito pequenas de bebidas alcoólicas - este quadro é denominado intoxicação patológica ou idiossincrática. Na síndrome de dependência ocorre o uso exagerado, continuo de álcool por muito tempo. Há um desejo intenso de beber e necessidade de beber quantidades cada vez maiores para obter o mesmo efeito (tolerância). As atividades da pessoa giram em torno da obtenção de bebidas, ocorrem prejuízos nas demais atividades, como falta ao trabalho, queda do rendimento no trabalho e convívio familiar. Outra característica da síndrome de dependência é a síndrome de abstinência. Ocorre em geral com a interrupção ou redução abrupta da quantidade de bebida ingerida. A síndrome de abstinência caracteriza-se por tremores, sudorese, aumento da pulsação, insônia, náusea ou vomito, ansiedade e agitação. Quando se torna mais grave surgem ainda as alucinações, em geral na forma de "visões" de animais ou fios na parede ou no ar ou da sensação de formigamento ou de bichos andando pelo corpo da pessoa. Este quadro é chamado de delirium tremens e é ainda acompanhado de febre, convulsões e confusão mental (a pessoa não consegue conversar direito, confunde objetos e pessoas, não sabe informar sobre datas ou local onde se encontra). O delirium tremens é um quadro grave e necessita de tratamento hospitalar. Tratamento O tratamento do alcoolismo é bastante complexo e depende do tipo de quadro que o paciente apresenta. Em termos genéricos, o primeiro passo é evidentemente a conscientização do problema e a interrupção total do uso de bebidas alcoólicas (abstinência). A chamada "desintoxicação" pode ser feita em casa ou, em casos mais graves, em hospital, mas sempre sob cuidado médico. Nesse período é feita também a avaliação e o tratamento dos danos físicos e mentais decorrentes do álcool. Após a recuperação inicial, segue-se a manutenção da abstinência. A maioria dos trabalhos mostra que a abstinência deve ser total e completa. Uma "bebidinha" de vez em quando abre caminho novamente para a dependência na grande maioria dos casos. Assim é preciso muito esforço e muito apoio para que a pessoa fique distante das bebidas alcoólicas e de outros produtos que contem álcool. Há alguns medicamentos que podem ajudar a manter a abstinência, os quais devem ser prescritos e seu uso acompanhado pelo médico. O mais conhecido deles é o dissulfiram. Este medicamento deve ser tomado diariamente; ele provoca uma reação extremamente desagradável se a pessoa que o está utilizando ingere mesmo pequenas quantidades de álcool. Com isto cria-se uma aversão ao uso do álcool. Outros medicamentos, entre eles o naltrexone, diminuem a vontade de beber e podem contribuir na recuperação. A psicoterapia desempenha papel fundamental na recuperação. Procurar buscar com o paciente os motivos que o levam a beber e auxiliar na resolução dos conflitos permitem a construção de uma personalidade mais madura, capaz de lidar com as adversidades sem precisar se refugiar na bebida. Os grupos de auto-ajuda* (Alcoólicos Anônimos e outros) também são muito importantes na recuperação.
* Na verdade são grupos de mútua ajuda, formados por pessoas que se reúnem com o objetivo de satisfazer uma necessidade comum, trocando informações, experiências e apoio emocional.
Por Camilla Muniz (Jornal Extra) Cerca de 5% dos adultos já tiveram pelo menos uma crise de pânico na vida. O dado, proveniente da Associação Americana de Psiquiatria, é um sinal de alerta para a incidência da síndrome do pânico. Caracterizada como um transtorno de ansiedade, a doença é mais comum entre mulheres e tem cura se tratada adequadamente. Segundo o psiquiatra Bruno Pascale Cammarota, o problema é causado pela combinação de componentes genéticos e fatores sociais ligados ao estresse, como perdas de pessoas queridas e cobranças no trabalho. — As situações vão se acumulando e acabam eclodindo de uma hora para outra — diz o médico, do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla. — A síndrome do pânico atinge duas mulheres para cada homem, porque elas sofrem mais cobranças da sociedade. Ter que estar sempre bonita e enfrentar, muitas vezes, uma jornada tripla de trabalho gera muita ansiedade. Além disso, há fatores hormonais que contribuem para o desenvolvimento da doença. A maior parte dos pacientes têm entre 15 e 30 anos, mas o problema também pode afetar crianças (sobretudo na faixa entre 7 e 10 anos) e idosos. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, maiores são as chances de cura. — Em geral, a pessoa demora muito para procurar o especialista certo. Além disso, é comum confundirem o ataque de pânico com um princípio de enfarte, o que retarda o diagnóstico — ressalta Cammarota. O tratamento da síndrome do pânico combina medicamentos com psicoterapia e dura, no mínimo, seis meses, podendo se estender por anos. De acordo com Cammarota, esse tempo longo faz com que muitos pacientes abandonem o programa de recuperação, o que aumenta os riscos de reincidência da doença. — Existem pessoas que pensam que já estão curadas e se dão alta, sem completar o tratamento. E ainda há aquelas com preconceito contra o próprio transtorno, que acreditam que o problema não requer terapia medicamentosa, mas espiritual — explica o especialista. Medo de locais públicos leva ao isolamento As crises de pânico ocorrem geralmente em lugares públicos. Acredita-se que estar fora de casa seja, por si só, um fator gerador de ansiedade. Isso faz com que o paciente associe o problema ao local onde ele está e se isole cada vez mais. — A agorafobia (medo de espaços abertos) é um fator complicante. Por isso, às vezes, a síndrome do pânico vem associada à depressão, já que a pessoa não consegue qualidade de vida e se restringe a fazer o que lhe dá prazer — completa Bruno Cammarota. O abuso de álcool é outro problema que pode decorrer da doença. O papel da família para orientar o paciente com síndrome do pânico a procurar tratamento e seguir nele até o fim é fundamental. Como agir para ajudar Ao presenciar um ataque de pânico, é importante falar palavras positivas para a pessoa, com o objetivo de acalmá-la. Em seguida, deve-se buscar ajuda médica. Segundo o psiquiatra, crianças com síndrome do pânico apresentam, durante a crise, palpitações, mãos geladas e mal-estar inexplicável: — Muitas vezes, elas têm vergonha de falar e, na escola, se sentam perto da porta, porque acham que ninguém olhará para elas ali.
Não, não vicia. Veja a resposta do médico Rodrigo Machado Vieira para o Canal da Psiquiatria. Dr. Rodrigo Machado Vieira - Graduado em Medicina pela PUCRS, Residência Médica em Psiquiatria pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Mestrado, e Doutorado em Psiquiatria pela Universidade de São Paulo- USP (2005). Pós-Doutorado em Psiquiatria pelo LMP, National Institute of Mental Health (NIMH), NIH, EUA (2006-2009) . Membro Titular do Clinical Center Medical Staff e Senior Fellow, NIMH-National Institutes of Health (2009-2010). Prêmios incluindo o Award for Research Excellence pelo National Institutes of Health e ABP. É Professor orientador credenciado do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e Fundador e Ex-Coordenador do Programa de Transtornos de Humor, LIM27, IPq, USP. É Review Editor do periódico Frontiers in Neuropharmacology. Atualmente e' Diretor do Translational Research Clinic in Mood Disorders e Staff Scientist no Experimental Therapeutics and Pathophysiology Branch do National Institute of Mental Health, NIH, EUA. Fator h=24, citações 1.650 (Texto informado pelo autor) - fonte CNPq
Muitos jovens ficam sem diagnóstico, pois sinais se parecem com problemas típicos da idade, dizem especialistas
Jovem de 16 anos que luta contra a depressão (foto: Fabio Seixo)
Flávia Milhorance - Jornal O Globo (editoria Sociedade)
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“Fico muito triste de repente. Para aliviar essa tristeza, cortava a pele, me queimava, me mordia. Fiz isso várias vezes”. O relato é de uma jovem de 16 anos, a caçula da família. Ela vive uma rotina difícil, com pai alcoólatra, além de mãe e irmã mais velha dependentes de drogas. No colégio, a delicada situação familiar serve de motivo para o bullying, o que a levou a se isolar na biblioteca durante o recreio. Diz não ter amigos. Passa o intervalo lendo, gosta de romances como os de John Green, mas não consegue se concentrar, e seu rendimento escolar caiu.
O psiquiatra que a atende na Santa Casa de Misericórdia do Rio, Gabriel Landsberg, conta que ela sofre de depressão e ansiedade. Embora seu ambiente desestruturado colabore, as crises depressivas são comuns nesta fase. Um novo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que esta é a principal causa de doença entre jovens de 10 a 19 anos. O tratamento precoce é a melhor forma de prevenir problemas graves no futuro, não apenas de adolescente, mas de adultos, e por isso foi tema de mais uma edição da série Encontros O GLOBO Saúde e Bem-Estar, na Casa do Saber O GLOBO.
- A automutilação não ocorreu para chamar atenção nem foi, de fato, uma tentativa de suicídio. É que a dor física era mais suportável do que a emocional - explica Landsberg ao falar sobre a menina. - Há muitos adolescentes sem diagnóstico porque não pedem ajuda. Os pais acham que os sinais são típicos da idade.
Uma dor que permanece oculta
Isolamento, irritabilidade, rebeldia, melancolia. Características consideradas típicas da adolescência podem ser indícios de uma depressão. A psicanalista Sara Kislanov, palestrante dos Encontros, acrescenta que o jovem passa por modificações hormonais, está em busca de uma identidade e tem a perda de idealizações, por exemplo do corpo ideal, que podem se transformar em conflitos mais sérios.
- É um momento muito sofrido, de muitas perdas, que provavelmente contribui para o aumento do índice de depressão - afirma.
Há pouco mais de um ano, Vinícius Brandão teve a doença. Mudou-se de cidade, ficou desempregado, tinha saudade da vida anterior. Sentia-se sozinho e isolava-se cada vez mais. Conseguiu sair desse ciclo vicioso com a ajuda médica.
- Na terapia acabei descobrindo que tive depressão desde bem novo. Era tímido, gordinho, me sentia excluído, sofria muito bullying - comenta o jovem, que hoje planeja realizar um documentário sobre a doença.
- Descobri que há muita desinformação sobre o tema, muitos acham que é uma frescura.
Chefe da psiquiatria infantil da Santa Casa, Fábio Barbirato destaca que 12% dos jovens de 12 a 18 anos sofrem de depressão, enquanto esse índice não chega a 10% entre adultos. Além disso, 77% dos adultos com depressão tinham histórico de sintomas também na infância ou adolescência.
- Há riscos graves de uma depressão não tratada, entre eles, evasão escolar, abuso de álcool e até suicídio, a terceira maior causa de morte entre adolescentes - exemplificou o psiquiatra que está reestruturando o ambulatório da Santa Casa para receber até 80 crianças e jovens com depressão. - A doença pode ser grave, mas às vezes é vista como um mal menor.
No Brasil, 21% dos jovens entre14 e 25 anos têm sintomas indicativos de depressão. Entre as mulheres, a proporção é de 28%, segundo dados do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
- Notamos ainda que o álcool estava relacionado ou ocorria ao mesmo tempo em que o jovem contava que se sentia deprimido ou pensava em atos suicidas - ressalta Ilana Pinsky, professora da Unifesp e uma das coordenadoras do estudo, que ainda explica: - O álcool é um depressor do sistema nervoso central, além de estimular atos impulsivos.
Além do abuso do álcool, outro fator que preocupa quando o tema é depressão ou ansiedade é o uso de medicamentos. Não à toa, a FDA (agência de remédios nos EUA) e o Instituto de Saúde Mental do país pedem maior cuidado na prescrição de adolescentes. Na verdade, o alerta deve ser geral, defendem especialistas. O uso de antidepressivos e ansiolíticos é recomendado para casos específicos e pode causar dependência. Mesmo assim, uma legião de pessoas parece não se importar com os riscos.
Medicamento para quem precisa
Para se ter uma ideia, na comparação entre abril de 2010 e abril de 2014, a venda do popular ansiolítico Rivotril cresceu 25% (de 40,3 mil unidades para 50,3 mil), segundo levantamento feito pelo IMS Health a pedido do GLOBO. Isso torna o país o segundo maior consumidor desse medicamento no mundo. Além disso, a venda de antidepressivos cresceu 7% na comparação entre abril deste ano e de 2013; e atingiu o montante de R$ 2,2 bilhões só em abril passado.
- O tratamento da depressão não se restringe à prescrição de remédios. Eles têm efeitos colaterais sérios, e digo sempre que a cura não pode ser pior que a doença - afirmou o psiquiatra Marco Antonio Alves Brasil, palestrante dos Encontros.
(foto: Gustavo Miranda)
O psiquiatra, assim como Ilana Pinsky, admite que há casos em que os remédios de fato ajudam. É o que também busca lembrar Karen Terahata, de 38 anos, diagnosticada com depressão e síndrome do pânico. Ela hoje mantém o blog “Sem Transtorno” para esclarecer “pontos negros” sobre essas doenças. E o uso de medicamentos é um dos principais:
- Um dos meus objetivos com o blog é quebrar preconceitos, entre eles o da medicação. Claro que nem todos devem usá-la, mas eu mesma resistia ao uso pelos medos criados na sociedade: de que causam dependência, são a falsa pílula da felicidade, e por aí vai. Hoje tenho uma qualidade de vida que não tinha.
Durante datas festivas, o consumo de bebidas alcólicas é claramente maior. No Carnaval não poderia ser diferente! E que beber, quanto mais em excesso, é prejudicial à saúde, todos estamos cansados de ouvir. Mas por que nós, portadores de transtornos de ansiedade e/ou depressão, devemos ter ainda mais cuidado?
De acordo com o psiquiatra Tárcio Carvalho, doutor em saúde mental e membro do Núcleo de Pesquisas em Psiquiatria da Universidade Federal de Pernambuco, o consumo de álcool para "afogar
as mágoas" pode ser uma porta de entrada para o alcoolismo para pessoas com sintomas de ansiedade: "Pacientes que praticam o consumo "terapêutico" de bebidas alcoólicas ou de qualquer outro tipo de droga contra a ansiedade aumentam de três a seis vezes o risco de dependência", ele afirma. "Pessoas com problemas como transtorno de pânico ou fobias, principalmente a fobia social, são especialmente vulneráveis a esse fator de risco".
Dr. Tárcio lembra ainda que o tratamento para transtornos de ansiedade acompanhados de dependência química são mais difíceis de serem tratados. "A abstinência pode provocar uma intensificação dos sintomas que são típicos da ansiedade".
Antidepressivos, ansiolíticos e álcool
No site Anti Drogas, o presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria, Antônio
Peregrino, explica que o uso do álcool associado a antidepressivos ou
ansiolíticos potencializa a ação do medicamento e os efeitos colaterais
variam, dependendo da droga utilizada e do organismo de cada pessoa. "O
paciente pode ficar muito sedado e bater o carro, queimar-se no fogão,
sair andando sem rumo, não lembrar de nada que fez. A
mistura do benzodiazepínico (ansiolítico) com álcool pode deixar o
usuário confuso. Em casos extremos, pode gerar coma", detalha o
médico.
A dificuldade dos pacientes em permanecer mais de seis meses sem ingerir bebidas alcoólicas não é desprezada pelos psiquiatras.
Antonio Peregrino diz que, há até pouco tempo, a recomendação era não
beber em hipótese alguma. Atualmente, já existe uma maior flexibilidade no caso
exclusivo do antidepressivo, pois os ansiolíticos oferecem mais perigos.
"A depressão e os transtornos de ansiedade são tratamentos longos. Se
eu digo aos pacientes que eles vão passar dois ou três anos tomando
antidepressivos, sei que os pacientes bebem e não me contam", afirma o
médico.
Peregrino diz ainda que a medicina tentou fazer um day off (um feriado
da droga) para os pacientes não tomarem o remédio e poderem beber. Só
que não deu certo porque as pessoas exageravam. "Hoje a recomendação é
diferente, mais flexível. Pedimos para os pacientes que tomam
antidepressivo evitarem a bebida. Mas se forem beber, que seja em
quantidade pequena e nos avise", orienta o psiquiatra. Porém o
especialista alerta para que nos primeiros dois meses do início do
tratamento não seja feito uso algum de bebida alcoólica por conta
da capacidade que o álcool tem de deprimir. "Depois que o paciente já
está mais estável, podemos negociar doses baixas de álcool", pondera o médico.
E no dia a dia? Qual
seria a melhor forma para controlarmos a nossa ansiedade sem recorrer ao
álcool ou a outras substâncias tão nocivas? O Dr. Tárcio Carvalho nos dá a dica: "O ideal é a pessoa com muita
ansiedade procurar ajuda profissional, passando por um bom psiquiatra. A
partir de então, pode utilizar várias estratégias em combinação com o
tratamento médico para aliviar a ansiedade, como caminhadas, meditação,
relaxamento, exercícios de respiração, yoga etc.".
Tenham todos um bom carnaval!!! E para brindar, sugiro um chá gelado de pêssego!!! Adoro!!! ;) Coragem, saúde e paz! <3
O texto abaixo, prefácio do livro Não é coisa da sua cabeça, define meu objetivo com o projeto Sem Transtorno: "eliminar o estigma, a descriminação e a exclusão social e familiar que envolvem aqueles que sofrem de alguma doença mental". Através da informação, procuro fazer minha parte a favor dessa mudança.
Coragem e saúde para todos nós! "Parece difícil imaginar que pelo menos um em cada três de nós vai, em algum momento de sua vida, apresentar um tipo de transtorno mental. É verdade que fazem parte dessa cifra problemas como as fobias - o medo extremo e irracional de elevadores, multidões, viagens de avião, injeção, certos animais, altura e outras situações cotidianas -, que são bastante prevalentes na população, mas nem sempre causam grandes prejuízos para as pessoas. No entanto, a maior parte daqueles que sofrem de algum transtorno da mente vai ter sua vida profundamente afetada. Isso faz com que as doenças mentais constituam hoje uma das principais causas de incapacitação dos indivíduos, superando outros problemas de saúde comuns, como as doenças cardiovasculares e o câncer. E é provável que esse impacto se intensifique ainda mais, em alguns anos, pois à medida que ganhamos longevidade, os problemas médicos decorrentes das doenças crônicas - que incluem os transtornos mentais - tendem a ganhar proporções maiores. Hoje já sabemos, por meio de pesquisas científicas no campo das neurociências - as diversas áreas de estudo dedicadas a entender o funcionamento do cérebro - e também de prática diária nos consultórios, que as doenças da mente começam a se desenvolver na infância, manifestam-se com mais clareza na juventude e, depois que surgem, tendem a se cronificar. Algumas melhoram com a idade, outras vivem altos e baixos, e há aquelas que evoluem progressivamente, limitando, pouco a pouco, a vida do indivíduo. Mas, apesar de todo o conhecimento que temos acumulado nas últimas décadas, ainda não conseguimos descobrir precisamente as causas de cada transtorno mental nem, consequentemente, como curá-los. Nossos tratamentos, embora sejam efetivos, na maior parte das vezes, para aliviar sofrimentos e permitir que as pessoas levem suas vidas com maior equilíbrio e fluidez, nem sempre são capazes de reverter a doença mental ou estancar seu desenvolvimento. E o que é ainda mais preocupante: esses tratamentos não são acessíveis à parcela mais pobre da população, particularmente em países desiguais como o nosso. (...) Seguindo o exemplo do que ocorre em outras áreas da medicina, é necessário também avançarmos no campo da prevenção. Ou seja, criar metodologias que permitam identificar indivíduos em risco para o desenvolvimento de transtornos mentais e investir neles com intervenções eficazes, antes de a doença começar. Assim, teremos chances de impedir o surgimento desses problemas ou atenuar sua manifestação de forma significativa. (...) Para isso, precisamos de transformações substanciais na nossa rede de atendimento à saúde, bem como de estratégias bem testadas de intervenção em larga escala. É necessário treinar e ampliar os nossos recursos humanos nessa área, capacitando profissionais de programas amplos, como o Saúde da Família, para diagnosticarem e tratarem adequadamente os problemas mentais mais comuns, como se faz com outras especialidades médicas.
Para pôr em prática qualquer uma dessas ações, vamos ter de investir em eliminar o estigma, a descriminação e a exclusão social e familiar que envolvem aqueles que sofrem de alguma doença mental. Acredito que esse processo comece com INFORMAÇÃO."
Euripedes Constantino Miguel - Professor titular e Chefe do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Apesar de eu ter ficado um pouco "mareada" com a captação modernosa (risos), esta entrevista com o Dr. Régis Barros, psiquiatra e psicoterapeuta, está bastante esclarecedora. Linguagem simples, direta e "confortadora", do jeitinho que eu gosto. Assista! :)
Sem falsa modéstia, sempre fui uma criança muito esperta. Tudo que resolvia fazer, aprendia rápido e fazia bem feito. Comecei a ler e a escrever sozinha aos quatro anos, a tocar piano de ouvido com a mesma idade ou até menos, era ótima aluna, comunicativa, criativa, adorava participar de todas as atividades propostas na escola: concursos de redação e oratória, gincanas culturais, olimpíadas esportivas, grêmio estudantil, aulas de música, artes, balé... Não deixava passar nada.
Até que por volta dos 11 anos, quando fazia a então quinta série (atual sexto ano), passei a sentir dificuldade para assimilar as informações. Eu não conseguia me concentrar para fazer os deveres. Quando lia qualquer livro, tinha que voltar no texto várias vezes porque esquecia o que tinha acabado de ler.
Lembro que tive várias professoras particulares. E que interrompi as aulas de piano que fazia desde pequena porque tinha preguiça de estudar. Que passei a agir de forma displicente, excessivamente distraída e estabanada. E isso perdura até os dias de hoje, para meu desgaste, tristeza e culpa. Muita culpa.
Minha
mãe conta que minhas professoras sempre a procuravam para tecer elogios pelo meu desempenho e que, de repente, os elogios foram
substituídos por advertências e conselhos para que ela procurasse um
psicólogo para me ajudar. Chegamos a procurar uma, que sugeriu que eu fizesse um exame neurológico. O tal exame apontou um distúrbio no lobo não sei o quê, que, segundo o médico que nos atendeu, era relacionado justamente ao campo da atenção. Não cheguei a fazer nenhum tratamento na época, mas tenho certeza de que o TDAH não foi cogitado.
Sei que muitas crianças estão sendo diagnosticadas precipitadamente e tomando remédios muitas vezes sem necessidade. Mas muitas outras, assim como eu, vão passar muito tempo sofrendo por falta de um diagnóstico preciso e de um tratamento eficiente.
Compartilho com vocês esta matéria publicada no jornal O Globo que achei bastante apropriada.
Saúde a todos, coragem e paz! :)
Especialista diz que problema maior do país ainda é falta de tratamento Por Flávia Milhorance
Se nos Estados Unidos, a principal preocupação de especialistas é com relação ao aumento de diagnósticos do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o consequente consumo alarmante de medicamentos para contornar os sintomas, no Brasil, médicos ainda esbarram na dificuldade de diagnosticar a doença entre crianças e jovens, especialmente em localidades fora dos grandes centros urbanos.
No Brasil, o que acontece é o contrário. Há uma quantidade grande de crianças não diagnosticadas ou diagnosticadas incorretamente - afirma Fábio Barbirato, coordenador do setor de psiquiatria infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.
O especialistas cita dados da USP em que 5,4% de indivíduos de 6 e 16 anos têm TDAH, mas só 2,5% recebem tratamento, incluindo o uso de remédios.
- A venda de medicamento no Brasil não teve este aumento como as pessoas falam. Se for pensar, a venda está menor do que o necessário - avaliou. Em sua prática médica, Barbirato estima que, das crianças diagnosticadas equivocadamente com TDAH, 90% têm, na verdade, outro transtorno, como autismo, ansiedade, dislexia ou retardo mental. Outros 10% não têm nenhum transtorno, e a desatenção, sintoma clássico do distúrbio, teria relação com outros fatores, como falta de limite ou de atenção dos pais. - Com diagnóstico errado, os sintomas podem piorar, e as consequências disto levam até a evasão escolar - alerta o especialista. - Por isso, recomendamos que os pais procurem profissionais titulados pela Associação Brasileira de Psiquiatria. SEM ALARME, MAS ATENÇÃO A SINTOMAS Embora haja casos de "exageros" de diagnósticos de TDAH, é importante que pais estejam alertas aos sintomas. Desatenção, inquietude, desorganização extremadas estão entre os principais. - É quando ele deixa tudo para depois, precisa ser monitorado sempre, havendo um desgaste da relação familiar, da mãe sempre cobrando da criança que não tem nenhuma autonomia - exemplifica Barbirato. Mesmo sem dados estatísticos, o especialista aponta que é na segunda fase do ensino fundamental, ou seja, a partir do 6º ano, que os sintomas são mais percebidos, porque interferem mais no desempenho escolar. - Com a exigência maior, aquela desatenção que era suprida pela família e pela professora fica ressaltada, e o aluno acaba se atrasando.
A terapeuta ocupacional Mariana Fulfaro criou e publicou em seu site um mapa com a relação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) que oferecem atendimento gratuito, especializado, para problemas
psiquiátricos, como depressão, esquizofrenia, alcoolismo e dependência
química.
Esses serviços gratuitos de saúde mental podem ser encontrados em todo o território nacional e oferecem atendimento com equipe de reabilitação completa, com terapeutas ocupacionais, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros.
Para encontrar o CAP mais próximo de você, clique no seu estado e, em seguida, procure sua cidade e o endereço mais próximo de sua casa na relação que irá aparecer.
Não deixem de me contar depois como foi o atendimento, por favor.Saúde e paz para todos nós! Coragem! ;)
Distúrbios de estresse e ansiedade são os principais problemas emocionais desse grupo, podendo acarretar em comportamentos autodestrutivos e vícios.
Não é novidade para ninguém que os homens sempre foram cobrados socialmente quanto à demonstração de equilíbrio emocional, fibra e resiliência — a capacidade de se recuperar e dar a volta por cima. Prova disso é a conhecida máxima "homem não chora", dito popular tão presente no vocabulário das gerações que antecederam a presente. No entanto, a medicina tem revelado que ambos os sexos estão sujeitos a problemas de cunho emocional, e eles são semelhantes.
Sérgio Klepacz, psiquiatra do Hospital Samaritano, exemplifica um dos muitos dramas enfrentados pelo sexo masculino, bem como suas consequências. "Eles sofrem com demandas específicas de gênero. O papel de ser o provedor da família é o grande desafio, que começa logo cedo, quando ele se vê diante de escolhas profissionais e amorosas", aponta. De acordo com o médico, esse tipo de cobrança é característica da sociedade moderna, a qual é baseada no consumo e no status social. Isso resultaria em um aumento de estresse e, consequentemente, em medo e insegurança com relação ao futuro.
Então, seria o homem moderno o tal "sexo frágil"? Luiz Cuschnir, psiquiatra e autor do livro Homens sem máscaras – paixões e segredos dos homens (Ed. Campus), afirma que não há como definir quem é mais vulnerável emocionalmente quando o assunto é saúde. Ele explica que aquilo que é definido como parâmetro social está em constante transformação, o que obriga homens e mulheres a reinventar constantemente suas estratégias para lidar com as dificuldades. "A fragilidade é do ser humano. Em qualquer crise, existem mudanças de paradigmas que afetam seus participantes. Por exemplo: o homem foi atingido quando percebeu uma inversão de papéis em sua relação com a mulher, e se fragilizou até encontrar novos padrões e uma maneira de viver com seus papéis revistos. Mas isso não fez que ele se tornasse o sexo frágil, pois a mulher também passou e continua passando por uma série de dilemas que também a fragilizam".
Se não combatidos, porém, estes questionamentos podem evoluir para conflitos emocionais graves e acabar afetando o desempenho profissional e a vida social. "Homens não tratados emocionalmente fazem escolhas incorretas, passam a depender de relacionamentos que os consomem e não adquirem estrutura emocional para mudarem o rumo de sua vida. Isso para não falar das dependências químicas e quadros clínicos", alerta. O estresse nosso de cada dia
Segundo Klepacz, a maioria dos problemas emocionais do universo masculino está ligada a duas causas primordiais: estresse e ansiedade. E as linhas que as separam são muito tênues. No caso do estresse, motivos é que não faltam para desenvolvê-lo no dia a dia. Contudo, o psiquiatra destaca a insegurança quanto ao futuro — seja profissional ou amoroso — como um fator estressante que assola constantemente os marmanjos. "Os hormônios do estresse (principalmente o cortisol) são liberados quando o homem acumula esse tipo de sentimento, além de frustrações e solidão. Essa substância gera a sensação de ansiedade, medo e até depressão. Portanto, sem que percebamos, desenvolvemos uma postura de ‘medo do medo’, do qual o ciúme e a dependência emocional são sentimentos acessórios". Ou seja: em alguns casos, o que é considerado um problema emocional (como o excesso de ciúme em um namoro, por exemplo), na verdade é apenas um dos sintomas de algo maior. Ânsia por aprender
No tocante à ansiedade, um dos principais causadores é o nível de exigência do mercado de trabalho quanto ao aprendizado. Em meio a um excesso de informação, o indivíduo se vê obrigado a desenvolver habilidades novas e a adquirir mais conhecimento e graduações para alçar posições melhores em sua carreira.
"Os parâmetros para ser um bom profissional subiram. Tudo o que você tem de aprender no mundo pode gerar algum distúrbio de ansiedade. Esses excessos acabam afogando o cérebro e bloqueando as áreas racionais. O sujeito não consegue lidar com tudo isso", comenta Klepacz. Embora seja um sentimento inerente ao ser humano, essa ânsia para atender expectativas pode resultar em quadros de síndrome do pânico ou transtorno de ansiedade generalizada. Eles têm coração
Cuschnir destaca que muitos homens vão aos consultórios devido a traumas decorrentes de relacionamentos frustrados ou por não encontrar a companhia que procuram. "Eles não encontram uma parceira capaz de compartilhar suas necessidades. Às vezes, se confundem e têm padrões que elas não correspondem, ficam insatisfeitos e se isolam, superficializam as relações ou simplesmente não aceitam as mulheres. Ainda desejam companheiras dedicadas, fiéis, envolvidas e disponíveis, mas quando percebem que não os atendem, mesmo sofrendo pela frustração ou pelo envolvimento amoroso, reveem o relacionamento e o rompem", esclarece.
Se a gravidez, por si só, já traz muita ansiedade, que dirá para uma ansiosa de carteirinha! Nesse caso, o que fazer? Será que podemos tratar a ansiedade com remédios durante a gestação?
Na opinião da psiquiatra Moema Costa dos Reis, médica do Hospital Barra D'Or e da Clínica Núcleo Integrado, cada caso deve ser avaliado com cautela: "Se, por exemplo, a mulher está planejando engravidar, deve tentar parar a medicação com a ajuda do seu médico, pois nenhum antidepressivo ou ansiolítico é totalmente seguro na gravidez".
No entanto, ela lembra que em alguns casos essa suspensão é inviável. "Em quadros graves de ansiedade ou depressão, em que a saúde da mulher ou a do bebê podem ser comprometidas caso a medicação seja suspensa, precisamos orientar sobre os possíveis riscos, que são baixos, mas existem, ou mesmo pensar na mudança da medicação, pois pesquisas apontam para um risco maior de malformações com determinadas drogas".
Para Moema, a decisão de adiar a gravidez também deve ser considerada. "Pensar em adiar a gravidez
até que haja melhora e se possa suspender a medicação é uma
possibilidade a se pensar, já que muitos quadros são breves e apresentam
melhora em alguns meses".
Já durante a lactação, o perfil de medicamentos indicados é um pouco diferente, porém não é necessário evitar a amamentação se a paciente tiver um acompanhamento com o especialista. "O contato do bebê com a mãe e essa relação que se constrói durante a amamentação sobrepõe eventuais riscos e os neonatos devem ser acompanhados com cuidados adicionais pelo pediatra", afirma Moema.
Para início de conversa, vamos procurar entender o que é a síndrome do pânico. Afinal, precisamos saber se você realmente está doente ou se está precisando só tirar umas férias e esfriar a cabeça. No site do médico Drauzio Varella, o psiquiatra Márcio Bernik (coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo) define:
SÍNDROME DO PÂNICO A síndrome do pânico, na linguagem psiquiátrica chamada de transtorno do pânico, é uma enfermidade que se caracteriza por crises absolutamente inesperadas de medo e desespero. A pessoa tem a impressão de que vai morrer naquele momento de um ataque cardíaco porque o coração dispara, sente falta de ar e tem sudorese abundante.Quem padece de síndrome do pânico sofre durante as crises e ainda mais nos intervalos entre uma e outra, pois não faz a menor idéia de quando elas ocorrerão novamente, se dali a cinco minutos, cinco dias ou cinco meses. Isso traz tamanha insegurança que a qualidade de vida do paciente fica seriamente comprometida.
Ansiedade normal e ansiedade patológica - qual é a diferença? Dr. Drauzio Varella entrevista o psiquiatra Marcio Bernik (primeira parte)
Drauzio – Que diferença existe entre ansiedade normal e a que caracteriza a síndrome do pânico? Bernik – Ansiedade é um estado emocional normal. Uma das características do sucesso da espécie humana é a capacidade de antecipar o perigo, o que requer uma preparação geradora de ansiedade. A ansiedade é patológica quando deixa de ser útil e passa a causar sofrimento excessivo ou prejuízo para o desempenho da pessoa. O transtorno do pânico é uma das formas de manifestação da ansiedade patológica.
Drauzio – No dia-a-dia, quando as pessoas dizem que estão ansiosas a que exatamente estão se referindo? Bernik - Provavelmente se referem a um estado emocional normal, um tipo de ansiedade que as faz ficar acordadas até mais tarde na véspera de uma prova ou de uma entrevista para um emprego novo. É a ansiedade que nos permite, apesar do cansaço, jogar bola até o final do segundo tempo sem deitar e dar um cochilo no campo.A ansiedade advinda da preocupação de que alguma coisa possa dar errado é útil dentro do contexto apropriado. Por isso, quando as pessoas se dizem ansiosas, estão mesmo, e isso pode não representar inconveniente maior.A ansiedade patológica é desproporcional ao contexto. As sensações que o paciente com transtorno do pânico experimenta nas crises podem ser absolutamente normais e apropriadas se a pessoa estiver dentro de um prédio pegando fogo, com a diferença de que, nesse momento, sua atenção estará voltada para a própria sobrevivência e ela não dará importância às manifestações de taquicardia, sudorese e falta de ar que se instalaram.
Entendeu? A ansiedade só é considerada uma doença se nos impede de levar uma vida normal. Todos podem se sentir um pouco agitados de vez em quando, principalmente às vésperas de tomar uma decisão importante ou de uma prova na faculdade, por exemplo. Mas quando isso se torna constante e vem acompanhado de sintomas físicos bastante desconfortáveis, como mencionado acima, chegou a hora de procurar um médico. De preferência um psiquiatra. Bjo.