terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Pode parecer antipático, ou que sou do contra, mas o fato é que eu nunca liguei para essas festas de final de ano. Acho gostoso pelo clima afetuoso que paira no ar, por reunirmos a família e os amigos - quando os temos e quando podemos -, mas não chego a me empolgar. Ano novo pra mim pode ser todo dia. Todo dia pode ser dia de recomeço, de um novo início. Então o que desejo para todos vocês é que sintam a vida com menos medo, com menos sofrimento, e com mais alegria. 
                                                       Foto: reprodução internet
E se isso não acontecer a partir de amanhã, primeiro dia do ano, acontecerá em um dos muitos outros dias que virão! :)

Tenham força e coragem!!!


Em 2014 vamos iniciar os encontros do grupo de apoio a portadores de pânico aqui no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca. Vai ser um passo muito importante de um belo projeto de conscientização e superação que tenho em mente.


Um grande abraço e todo meu carinho,

Karen Terahata



segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Entenda a ansiedade

O que é ansiedade?

A ansiedade é uma reação normal do organismo que prepara a pessoa para situações de perigo. Se não existisse ansiedade ou medo, as pessoas morreriam, pois não estariam alertas aos perigos da vida. Diante do perigo, as glândulas adrenais liberam adrenalina na corrente sanguínea, que prepara o corpo para uma reação de luta ou fuga.

Ansiedade é normal?

A ansiedade é normal e faz parte do repertório normal de emoções do ser humano. No entanto, quando exagerada, provoca muito sofrimento e interferência na vida cotidiana e passa a ser considerada patológica. 

Quais são os sintomas da ansiedade?

Os sintomas da ansiedade podem ser divididos em mentais e somáticos.
Os sintomas mentais (ou psíquicos) são medo de que ocorra algo ruim, preocupação excessiva e sensação de perigo iminente. 
Os sintomas somáticos incluem tensão motora, hiperatividade autonômica e hipervigilância, além de somatização importante. A hiperatividade autonômica se manifesta por meio da descarga de adrenalina, que causa taquicardia (coração acelerado), sudorese, tremores, falta de ar, calafrios ondas de calor, náusea, aperto no peito, tontura, urgência urinária e diarreia. A hipervigilância, que é estar alerta ao perigo, ocasiona dificuldade de concentração e, consequentemente, de memorização.

A ansiedade exagerada é uma doença?

Na realidade, a ansiedade exagerada pode fazer parte de várias doenças. Há os transtornos que são primariamente relacionados à ansiedade, como é o caso do transtorno do pânico, o transtorno obsessivo-compulsivo*, as fobias, entre outros. Em outras doenças, psiquiátricas ou não, também se encontra ansiedade excessiva, por exemplo, na depressão, no hipertireoidismo, entre outras. Por isso, é necessária uma avaliação médica cuidadosa em cada caso de ansiedade, muitas vezes com a solicitação de exames laboratoriais para um diagnóstico diferencial. 

Como se trata a ansiedade?

A ansiedade é tratada com medicamentos e psicoterapia. Vários medicamentos aliviam-na, sendo alguns indicados para uma crise e outros para tratamento de longo prazo. 

Há várias abordagens psicoterápicas para o tratamento da ansiedade. Por exemplo, uma técnica cognitivo-comportamental que pode ser usada é a exposição com prevenção de resposta. Essa técnica pode ser usada por meio da imaginação ou in vivo.

Outras técnicas para manejo de ansiedade


Dessensibilização sistemática: é uma técnica que pode ser usada nas fobias. O paciente é exposto gradualmente ao objeto temido, de modo que a ansiedade vai diminuindo aos poucos. 

Relaxamento aplicado: o paciente é orientado a controlar ou antever os sintomas fisiológicos relacionados à ansiedade e relaxar nos momentos em que se sente ansioso.

Que medidas posso tomar para ajudar no controle da ansiedade?

Existem várias medidas que ajudam a controlar a ansiedade. Todas elas envolvem a busca por uma melhor qualidade de vida (saúdes física e mental): uma mente sã depende de um corpo são.

Como cuidar do corpo?


  • Mantenha uma dieta saudável;
  • Não abuse de bebidas alcoólicas, nem mesmo de "bebedeiras" de fim de semana, pois aumentam o risco de alcoolismo. O álcool também piora a depressão e a ansiedade e pode interferir na qualidade do sono;
  • Evite drogas ilícitas. Maconha causa depressão, desencadeia psicoses em pessoas predispostas e pode prejudicar o aprendizado;
  • Pratique exercícios: a prática de atividades físicas reduz o estresse e o mau-humor por meio da liberação de endorfinas e outros neurotransmissores no cérebro. Exercícios também aceleram a recuperação de pacientes com depressão;
  • Tome sol: o sol estimula a produção de vitamina D no organismo, que fortalece os ossos, músculos e melhora o humor. Use filtro solar.
  • Evite situações estressantes. Por exemplo, procure evitar congestionamentos utilizando horários alternativos;
  • Aprenda técnicas de respiração e relaxamento, como ioga;
  • Uma boa qualidade de sono é fundamental para manter o bom ânimo e a energia para o dia a dia, para consolidar a memória do que se aprende durante o dia e para evitar doenças físicas e mentais, como enxaqueca e depressão.
  • Sexo: é relaxante e também uma atividade física. Uma vida sexual saudável contribui para manter a boa saúde mental.
  • Lazer: procure dedicar-se ao lazer ou descansar nos fins de semana. 

Texto retirado da publicação Qualidade de Vida - Ansiedade (Mantercorp Farmasa), patrocinada pela Hypermarcas.
Imagens: reprodução internet.


* No DSM-5 (2013), o TOC foi retirado do capítulo dos transtornos de ansiedade e colocado em um novo capítulo com o título de Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtornos Relacionados.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sugestão de leitura: "A Garota Que Tinha Medo"

Há algumas semanas, uma representante da Editora Schoba entrou em contato comigo para oferecer um de seus últimos lançamentos. Achei muito chique isso e aceitei, claro, a gentileza!

O livro "A Garota Que Tinha Medo", de Breno Melo, conta a história de Marina, uma jovem universitária que sofre de síndrome do pânico.

Como quase todos nós, os chamados "panicosos", Marina teve uma primeira crise traumática e precisou passar por outros ataques aterrorizantes até descobrir que precisava de tratamento mental.

Situações bastante comuns para quem vive ou já viveu a doença, como o pavor nas primeiras crises e o frio afastamento do namorado preconceituoso, são contadas
de maneira bastante esclarecedora. Aproxima, dessa forma, um leitor que pouco sabe sobre o assunto e ajuda a diminuir o preconceito.

A
lgumas referências históricas e religiosas podem ser um pouco cansativas, mas escolhi um desses momentos para compartilhar com vocês. Talvez por refletir uns dos meus mais inquietantes sentimentos. 

       "Péqui voltou sozinha, não havia conseguido ajuda e viu os momentos finais de meu desespero, quando os sintomas haviam diminuído a ponto de já não caracterizarem um ataque.
- Está melhor?

- Agora, sim. Mas e daqui a cinco minutos?
       A verdade é que eu poderia ter outro ataque a qualquer momento. Alguns panicosos têm vários ao dia. 

       Lancei lágrimas sobre meu peito como o céu acima lançava pingos sobre o solo. Por que Deus não Se manifestava no meio dessa tempestade para falar comigo? Por que Ele ao menos não me dava uma satisfação? Eu me desmanchava em lágrimas e não sabia exatamente o motivo.
       Mas chorar depois das crises era pouco, e eu voltava a chorar pelas crises que havia tido, pelas que poderiam vir e por tudo o que havia perdido devido a elas. (...) Me senti um lixo e tive raiva de Deus, que havia criado este lixo.
       (...) Nunca mais fui a mesma depois do primeiro ataque, temendo as pessoas ou os lugares. Tinha medo de passar por outros ataques, que poderiam acontecer a qualquer momento.
       Voltar aos lugares onde eu havia tido crises era praticamente impossível. Enfrentar multidões agora me metia medo! E ficar sozinha me deixava ansiosa, porque temia entrar em pânico sem que houvesse alguém de confiança por perto.

       Por que eu tinha de sofrer gratuitamente como Jó? Minha raiva de Deus se redobrava, ainda que continuasse menor que meu desespero. Me lembrei das aulas de Filosofia; me lembrei de Hegel. Para ele, Deus não intervém neste mundo, que funciona sozinho. Milagres? Não há milagres. (...)
       Refletindo sobre Deus, concluí que Ele era ausente e inativo demais para corresponder ao Ser onipresente e todo-poderoso da Bíblia. Deus não era como eu imaginava e me decepcionei. Eu poderia Lhe agradar ou ofendê-Lo, que Ele não moveria uma palha".