Abuso sexual na infância e ansiedade na fase adulta
CHICAGO (Reuters) - Mulheres que sofreram agressão física ou abuso sexual na infância apresentaram uma tendência maior a desenvolver distúrbios como ansiedade, alteração de humor e depressão na fase adulta, quando comparadas a pessoas que não foram vítimas dessas agressões, revelou um estudo. Segundo os pesquisadores, a causa seria uma alteração na liberação de hormônio ligado a situações de estresse.
O pesquisador Charles Nemeroff, chefe do Departamento de Psiquiatria da Escola de Medicina da Emory University, em Atlanta, estudou o caso de 49 mulheres com idade entre 18 e 45 anos para verificar se o abuso na infância poderia levar a uma resposta mais agressiva do sistema nervoso na fase adulta.
As mulheres foram divididas em quatro grupos. Um deles reuniu aquelas sem histórico de distúrbio psiquiátrico ou abuso na infância. O outro contava com mulheres que sofriam de depressão e haviam sido vítimas de abuso sexual e físico enquanto crianças. Um terceiro foi formado por mulheres sem depressão, mas com uma história de abuso sexual. O quarto grupo era integrado por pacientes que sofriam de depressão, mas não tinham histórico de abuso sexual.
Os pesquisadores pediram às mulheres que participassem de entrevistas simuladas de trabalho e testes de matemática. Depois, eles colheram amostras de sangue e analisaram taxas hormonais (de corticol e adrenocorticotrófico) e analisaram seus batimentos cardíacos. Descobriram que os dois grupos das mulheres vítimas de abuso na infância mostraram níveis exagerados de hormônios ligados ao estresse.
"Este é o primeiro estudo com humanos a revelar mudanças constantes na reação ao estresse nos adultos que sofreram algum tipo desses traumas anteriormente", informam os autores na edição do Journal of the American Medical Association.
"As mulheres com histórico de abuso na infância apresentaram respostas imediatas ao estresse comparadas aos (grupos) de controle", disseram os pesquisadores. Esse tipo de reação foi mais pronunciada em mulheres que sofreram abuso na infância e que apresentavam depressão. Os níveis do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) eram seis vezes mais altos do que os obtidos nas mulheres do grupo de controle, informa o estudo.
O ACTH é liberado pela glândula pituitária, localizada no cérebro. Ele, por sua vez, estimula a liberação de cortisol na glândula adrenal.
Os autores do estudo perceberam que as pacientes com depressão, mas sem histórico de abuso, tiveram respostas similares àquelas obtidas entre as mulheres do grupo de controle.
O pesquisador Jeffrey Newport, um dos autores do estudo, disse em uma entrevista que os resultados trouxeram à tona duas questões. Uma refere-se à necessidade de esclarecer quais os tratamentos que devem ser eficazes para adultos com histórico de abuso. O outro ponto, segundo Newport, seria verificar se as drogas que estão sendo desenvolvidas têm uma maior possibilidade de funcionar melhor.
Fonte: Boa Saúde
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