sábado, 27 de abril de 2013

Famosos Ansiosos - parte 5 (Gisele Bündchen)

   (Frazer Harrison/Getty Images Entertainment)
Continuando nossa série dos famosos que, como qualquer pessoa normal, também passam por problemas com a ansiedade,  vamos ver o caso da supermodel Gisele Bündchen.

Gisele revelou certa vez ao site de notícias JB Online que teve claustrofobia. Ela acredita que o transtorno tenha sido causado por uma crise de ansiedade que sofreu durante um voo para a Espanha.

Segundo a modelo, o avião era muito pequeno, com capacidade para apenas quatro passageiros, e além disso ela precisou  enfrentar uma enorme tempestade. "Foi desesperador, depois daquilo passei uns dias sem poder ficar em lugar fechado".
Gisele decidiu então voltar à pratica da Ioga e garante que, com isso, conseguiu ficar curada sem uso de remédios

A psicóloga Jussara Benatti tem dúvidas se a modelo teve mesmo claustrofobia. "Essa doença não é um trauma passageiro. Normalmente não é manifestada em um período tão curto", esclarece. "Caso contrário, todo mundo que tem um medinho vai sair dizendo que tem uma fobia."


De acordo com a professora do Instituto de Psicologia da USP, Leila Tardivo, a diferença entre o medo e a fobia é a existência de fantasias, ou seja, quando não há um perigo real. "Se a pessoa for bem estruturada emocionalmente, madura, ela pode superar a situação de trauma, assim como fez Gisele", opina. "Mas é importante ressaltar que há graus diferentes. Em casos mais graves, o paciente precisa ser estimulado por amigos, pela família e procurar ajuda médica", explica Leila.

Jussara Benatti explica que, durante o tratamento, o profissional pode inclusive acompanhar o paciente na situação que provoca o medo, combatendo-o progressivamente por meio de exercícios.
Ela afirma ainda que muitas pessoas convivem com a claustrofobia por toda a vida. "Há quem consiga evitar o uso de elevadores. Outras pessoas fazem rotas alternativas para não passarem dentro de túneis", exemplifica.

A professora Leila Tardivo lembra que isso depende muito da profissão da pessoa. "Empresários e modelos como Gisele Bündchen precisam usar o avião como meio de transporte. Nesses casos é preciso um tratamento intensificado, pois esses profissionais não podem evitar determinadas situações". 

Fonte:
JB Online, portal Terra

Veja também:
Famosos Ansiosos - parte 4

sábado, 20 de abril de 2013

Entendendo o TDAH


Ultimamente, e cada vez mais, tenho atribuido grande parte dos meus problemas de ansiedade e depressão ao Déficit de Atenção (TDAH).
 

Na minha infância o TDAH não tinha esse nome pomposo, era mais conhecido por relaxamento, distração e preguiça mesmo. Mas os prejuízos eram os mesmos.

Na minha busca incessante por explicações e novas perspectivas, desta vez sobre o TDAH, encontrei o site do médico neurologista Mario Peres.
Não o conheço pessoalmente, como não conheço a maioria dos profissionais que menciono no blog. Mas procuro divulgar qualquer informação ou mensagem que me toque positivamente de alguma forma e que eu ache que também possa tocar da mesma maneira quem sofra com o mesmo problema que eu.

Os pacientes com TDAH, com certeza, irão se enxergar aqui. Sempre que leio alguma coisa sobre esse assunto, me dá vontade de chorar de tanto que já sofri e ainda sofro com isso.

 
Quem convive com algum portador de TDAH vai se lembrar dele. Mais do que isso, espero que passem a enxergá-lo de forma mais benevolente, com mais compaixão e, por que não, paciência!
Rotular alguém de forma negativa não vai ajudar em nada, pelo contrário, só fará com que essa pessoa se sinta ainda mais incapacitada, desmotivada e deprimida. Para superarmos essas limitações e levarmos uma vida mais feliz, precisamos de compreensão e um pouquinho de generosidade.

Boa leitura, saúde e paz para todos.
:)


O que é o TDAH?

TDAH é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, uma doença caracterizada por desatenção, inquietude e impulsividade, que acomete crianças e adultos.  


Crianças com TDAH costumam ser vistas como bagunceiras, irrequietas, hiperativas, distraídas, sonhadoras, que vivem no mundo da lua. Geralmente, na idade adulta, a hiperatividade, agitação e impulsividade diminuem de intensidade e a distração fica mais evidente.
O TDAH pode acometer os adultos, apesar de ser uma doença mais conhecida na infância.

Uma característica marcante do Transtorno do Déficit de Atenção é sua alta taxa de associação com outras doenças (comorbidades). Em crianças, calcula-se que mais da metade dos casos ocorrem acompanhados de outros transtornos. Em adultos, estima-se que esse índice seja ainda maior.
Na infância, as comorbidades mais comuns são os distúrbios de aprendizado, de comportamento, os transtornos ansiosos (ansiedade, fobias, TOC, pânico), transtornos depressivos e tiques.
Em adolescentes, além desses transtornos citados, surge o abuso de drogas.

Causas do TDAH adulto

Nas crianças, os sintomas mais comuns são o esquecimento excessivo, desatenção, bem como uma incapacidade de se manter quieto. No adulto, os sintomas do déficit de atenção e hiperatividade se manifestam de maneira diferente, mais sutil. Isto pode tornar mais difícil reconhecer e diagnosticar o TDAH adulto.
Acredita-se que genes podem desempenhar um importante papel. As questões ambientais, como a exposição a cigarros ou álcool, enquanto no útero, também podem ser importantes.
Existe a teoria de que os neurotransmissores no cérebro estejam funcionando mal, como a dopamina, noradrenalina e serotonina, principalmente na região do córtex pré frontal.

Em adultos são também comuns os transtornos ansiosos, os transtornos depressivos, o abuso de drogas (incluindo álcool e tranqüilizantes), transtornos do apetite e do sono.

Os 10 sintomas mais comuns em adultos com déficit de atenção

Sintoma n.º 1: Problemas com a organização

O aumento das responsabilidades da idade adulta – trabalho, contas a pagar, e filhos, para citar algumas – pode causar grandes problemas com a organização em pessoas com TDAH. E embora alguns sintomas do TDAH sejam mais irritantes para as pessoas que convivem com o paciente do que para o próprio paciente, a desorganização é frequentemente identificada por adultos com TDAH como um grande aspecto prejudicial à sua qualidade de vida.

Sintoma n.º 2: Dirigir carro distraidamente (acidentes de trânsito)
O adulto com TDAH tem dificuldade de manter a atenção em uma tarefa. Por esse motivo, algumas pessoas ficam mais suscetíveis a acidentes de trânsito, sem falar nas multas e na consequente perda de pontos na carteira...

Sintoma n.º 3: Problemas conjugais
Naturalmente, um casamento conturbado não deve ser visto como um sinal de alerta apenas para adultos com TDAH. No entanto, existem alguns problemas que tornam pessoas com TDAH mais suscetíveis a terem problemas em seus relacionamentos. Muitas vezes, seus parceiros se aborrecem com sua dificuldade de escutar pedidos feitos e até da incapacidade de honrar seus compromissos. Se você é a pessoa que sofre de TDAH, pode não entender por que seu parceiro está chateado e ainda sentir-se culpado por algo que, realmente, não é sua culpa.

Sintoma n.º 4: Distração extrema
A pessoa pode ter grande difículdade em focar em alguma coisa e essa distração pode levar a uma história de baixa performance na carreira, especialmente em cargos de alta competitividade. Se você tem TDAH, pode descobrir que telefonemas, e-mails, ruídos ou qualquer solicitação externa afetam a sua atenção, o que torna difícil para você terminar de fazer alguma coisa. É comum ver pessoas com déficit de atenção que começam as coisas e nunca terminam.

Sintoma n.º 5: Dificuldade em ouvir
Você viaja no pensamento durante as longas reuniões? Será que seu marido esqueceu de pegar seu filho na escola, que é melhor fazer purê de batata do que batata frita pro jantar... Problemas com atenção resultam em má compreensão oral em muitos adultos com TDAH, o que conduz a uma série de mal-entendidos.

Sintoma n.º 6: Inquietação, problemas para relaxar
Embora muitas crianças com TDAH sejam hiperativas, este sintoma freqüentemente aparece de forma diferente em adultos. Os adultos com TDAH estão mais propensos a apresentar agitação ou achar que não podem relaxar.

Sintoma n.º 7: Problemas ao iniciar uma tarefa
Assim como as crianças com TDAH frequentemente adiam o início da realização da lição de casa, os adultos com TDAH frequentemente se arrastam para iniciar tarefas que exijam muita atenção. Esta procrastinação agrava muitas vezes os problemas já existentes, incluindo desavenças conjugais, problemas no trabalho e com amigos.

Sintoma n.º 8: Atraso crônico
Existem diversas razões para adultos com déficit de atenção se atrasarem para seus compromissos. Eles são muitas vezes distraídos a caminho de um evento, por exemplo, percebendo que o carro precisa ser lavado e, em seguida, que ele está com pouca gasolina, e que esqueceu de sacar dinheiro, e, antes que se perceba, já passou uma hora.
Pessoas com TDAH também tendem a subestimar o tempo que levam para finalizar uma tarefa, seja ela uma tarefa importante no trabalho ou uma simples tarefa de casa. "Em dez minutinhos eu termino". No final, percebe que não termina e fica angustiado.


Sintoma n.º 9: Ímpetos de raiva
O TDAH frequentemente leva a problemas com o controle das emoções. Muitos adultos com TDAH são explosivos com pequenas questões, tem o chamado pavio curto. Muitas vezes sente como se não tivessem controle sobre suas emoções e a sua raiva aparece mais rapidamente do que a capacidade de controlá-la.

Sintoma n.º 10: Dificuldade para dar prioridade
Pessoas adultas com TDAH têm dificuldade para priorizar as obrigações mais importantes que deverá cumprir, como o término de um trabalho. Enquanto isso, gasta inúmeras horas em algo insignificante, como um jogo no vídeo game.

Tratamento do TDAH no adulto
Existem boas opções de tratamento do adulto. Em primeiro lugar, o tratamento começa com o diagnóstico correto feito por um médico. 

As mesmas medicações usadas na criança podem ser usadas no adulto. O tratamento medicamentoso deve ser reservado para os casos nos quais aconteça algum prejuízo, alguma dificuldade na vida do paciente. Considerando que o TDAH pode estar associado a problemas diversos, como quadros depressivos, ansiedade, problemas com álcool e drogas, estas condições devem ser tratadas também.

Várias linhas de psicoterapia podem ser indicadas. No caso de adultos casados, algumas intervenções necessitam ser realizadas com o cônjuge. No caso de crianças e adolescentes, há programas de orientação e treinamento para pais e professores. Existem propostas muito interessantes de reestruturação do ambiente escolar e doméstico para crianças com TDAH. Existem também várias recomendações que podem ser fornecidas ao paciente de acordo com cada caso em particular, que amenizam suas dificuldades no dia-a-dia (tais como esquecimentos, uso de agenda, foco em uma tarefa, etc). Associação de técnicas Cognitivo Comportamentais com tratamento medicamentoso tem eficácia comprovada.

Pacientes robotizados? Remédio da obediência?
Existem muitos profissionais que prestam um grande desserviço à comunidade quando afirmam em meios de comunicação que os medicamentos “entorpecem” os pacientes, os tornam “robotizados”, “zumbis” e que este é um meio artificial de controle da doença. Provavelmente nunca acompanharam de perto um número suficiente de pessoas com Déficit de Atenção, com ou sem Hiperatividade, antes e depois do tratamento farmacológico, para observar a enorme diferença na vida destes indivíduos.
Existia uma crença de que o uso de estimulantes retardaria o crescimento de crianças e por isso se recomendava os “feriados” (alguns dias ou o final de semana) ou “férias” (meses) terapêuticas. Estudos recentes mostram que isto não acontece.

ATENÇÃO, não se automedique! Consulte sempre um médico para fazer o seu diagnóstico e iniciar o melhor tratamento.

Fonte: Dr. Mario Peres (médico neurologista e pesquisador senior do Hospital Albert Einstein), ABDA (Associação Brasileira do Déficit de Atenção)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)


ilustração: reprodução internet
Um pouco de preocupação não faz mal a ninguém. Pelo contrário. Não somente é normal como necessário para a nossa sobrevivência. Afinal, é essa preocupação (medo, prudência) que nos faz olhar para os dois lados antes de atravessarmos uma rua, por exemplo. Mas e quando essa preocupação é exagerada?

O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é basicamente uma preocupação excessiva, com motivos injustificáveis ou em níveis desproporcionais. A pessoa vive num estado de alerta permanente com pensamentos negativos bombardeando sua cabeça o tempo todo: ela pode estar com uma doença grave, pode morrer de repente, pode sofrer um acidente... E como ela não consegue relaxar, acaba se sentindo muito cansada.

Essas preocupações podem ser direcionadas a seus entes queridos também. 

 
Diagnóstico
Como o estado de ansiedade perturba a visão que a pessoa tem a respeito de si mesma e do que acontece em sua volta, é necessário que esse diagnóstico seja sempre feito por um especialista.

Uma das maneiras de diferenciar a ansiedade generalizada da ansiedade normal é através do tempo de duração dos sintomas. A ansiedade normal se restringe a uma determinada situação; mesmo que esta situação problemática persista, a pessoa tende a adaptar-se e a tolerar melhor a tensão. 

Já uma pessoa que permaneça apreensiva, tensa, nervosa por um período superior a seis meses, ainda que tenha um motivo para estar ansiosa, pode estar sofrendo de ansiedade generalizada.

Sintomas

A variação dos sintomas de ansiedade é enorme e muitas vezes pessoais. Ganho de peso, por exemplo, tanto pode não ter nenhuma relação com ansiedade como pode, para determinadas pessoas, ser a manifestação mais freqüente. 

Os sintomas mais comuns são: taquicardia; sudorese; cólicas abdominais; náuseas; arrepios; dores musculares; tremores; ondas de calor ou calafrios; adormecimentos; sensação de asfixia, nó na garganta ou dificuldade para engolir; perturbações do sono, como insônia, dificuldade para adormecer, acordar no meio da noite etc; grande cansaço ou esgotamento; sintomas depressivos.

É muito comum que o TAG esteja associado a outros transtornos mentais, como fobias específicas e pânico. Ele costuma ser crônico, duradouro, com pequenos períodos de remissão dos sintomas, e geralmente leva o paciente a sofrer com estado ansioso elevado durante anos. 
Pode vir a ceder espontaneamente em alguns casos, mas não há meios de se prever quando e se isso acontecerá.

Tratamento

A terapia cognitivo-comportamental é a que mais tem mostrado eficácia no tratamento do TAG. Em alguns casos, a intervenção medicamentosa se faz necessária e a duração do tratamento pode variar de 6, 12 meses a até vários anos. 

Observações da Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva:

=> "Uma dose equilibrada e saudável de ansiedade é vital para nossa existência. Sem ela seríamos absolutamente apáticos, sem vontade de conquistas, de marchar sempre em frente para que a vida faça sentido".

=> "Estar num estado permanente de vigília e ansiedade é perder os parâmetros normais da realidade (...), navegar à deriva num mar revolto".

=> "A ansiedade excessiva estabelece uma conexão direta com o futuro que talvez nunca exista".

Vamos pensar nisso? 

Cuidem-se! ;)

Coragem, saúde e paz.
 

Fonte: livro Mentes Ansiosas, Psicosite.



sábado, 13 de abril de 2013

Uma visão mais consciente da síndrome do pânico


Com relação aos tipos de tratamentos, o que é bom para uma pessoa pode até ser bom para outra pessoa. Mas pode não ser tão bom assim para uma terceira pessoa. Ou seja,
antes do tratamento, o mais importante é a escolha do profissional que vai conduzir esse tratamento; que, através da sua sensibilidade, saberá a hora de mudar o rumo das coisas, caso seja necessário.
Estamos todos juntos nesse barco: doentes, parentes, amigos, médicos... 
Um dia essas posições podem se inverter e sempre precisaremos uns dos outros. Da compreensão, da amizade, do respeito, do apoio, do carinho.
 


A síndrome do pânico ou transtorno do pânico é um dos distúrbios de saúde que tem estado em voga ultimamente. Muitas pessoas têm sofrido com o transtorno do pânico, e os tratamentos médicos têm tido resultados positivos com algumas delas. Mas, também têm tido pouco ou nenhum resultado com outras, e isso parece ter relação com o desconhecimento de alguns aspectos essenciais e das prováveis causas subjacentes desse distúrbio por parte dos médicos e de outros profissionais da saúde.

Uma crise de pânico se caracteriza por um conjunto de estados e sintomas relativos ao medo agudo e intenso, que surgem de forma súbita e intensa, deixando a pessoa com a sensação eminente de colapso, de morte, de desespero e de falta de autocontrole. (...) Simultaneamente, ocorre um aumento brusco da produção de adrenalina, da frequência respiratória e cardíaca e outros, que podem vir associados a tremores, boca seca, tontura, mãos frias ou formigando, hiper-transpiração, pressão alta, pressão no peito, dor nas costas, entre outros sintomas.

A partir desse momento e nessa condição, a pessoa já está apresentando um medo profundo e intenso de ter uma mal súbito, um colapso, até de morrer, e fica extremamente ansiosa, agitada, ansiando por uma ajuda competente, com necessidade de espaço amplo e livre, de ar puro e de um ambiente tranquilo e seguro. (...) Depois de experimentar esses estados durante uma crise inicial, a pessoa tende a se apavorar e achar que está com alguma doença grave, que a qualquer hora pode levá-la a um colapso e isso se transforma numa insegurança crônica, que passa a deixá-la preocupada, ansiosa e até deprimida, coisas que podem se tornar gatilhos para novas crises agudas de pânico. (...)

Causas e características

Antes de tudo, precisamos entender que a síndrome do pânico é um estado emocional ou psicológico que tem intensas somatizações; ou seja: a maioria, senão a totalidade dos sintomas físicos que a pessoa experimenta (taquicardia, aperto no peito, tontura, formigamento no peito ou nas extremidades) são o resultado de estados psicológicos intensos e não doenças ou distúrbios que têm origem em más funções orgânicas verdadeiras.

Além disso, é preciso saber que a síndrome do pânico não é um estado definitivo, uma situação sem cura. Pelo contrário, muitas pessoas se compreenderam e amadureceram depois de viverem a síndrome do pânico por um tempo em suas vidas e hoje encontram-se totalmente saudáveis, lidando de forma ainda mais competente com a vida e com os problemas do que antes de terem tido o pânico, e sem precisar de quaisquer remédios.

É claro que existem pessoas que tendo vivido situações muito traumáticas (guerras, acidentes graves, ameaças mortais, catástrofes, torturas) têm muito mais dificuldades em curar-se; mas nada é impossível, e até mesmo essas, com um tratamento humano, multidisciplinar e bastante inteligente podem ter a chance de curar-se.

Os perfis psicológicos mais comuns que podem desenvolver a síndrome do pânico são: as pessoas que são educadas e polidas demais e estão, aparentemente, sempre alegres; os que não sabem dizer não e colocar limites aos outros; os inseguros, medrosos e os que temem a exposição social; os hipocondríacos; os que tiveram experiências muito traumáticas ou abusivas; os que estão sob forte ameaça de perder a vida (com doenças graves, ou ameaçados de morte); os que temem muito pelos entes queridos (e temem morrer repentinamente e deixá-los), e outros casos, onde as pressões e conflitos interiores são grandes e a expressão dos mesmos é quase nula. (...)

Mas, temos que continuar com nossas vidas cotidianas, mantendo um certo comportamento normal e socialmente adequado. Porém, no fundo, estamos angustiados, apavorados, tensos, com tremenda tristeza ou sentindo-nos incapazes de suportar a situação por mais tempo.

Nessa situação, vamos ficando cada vez mais tensos, com a mente acelerada, acumulando e acumulando sentimentos. Nossa mente se torna extremamente agitada, ansiosa, e, às vezes até caótica e meio aturdida.
Como estamos com a nossa mente voltada quase que exclusivamente para a resolução desses conflitos internos, ficamos menos atentos ao mundo, menos sensíveis e até um pouco atordoados, devido a tantos pensamentos e sentimentos confusos. (...)

Ainda assim tentamos segurar as coisas, o que só faz aumentar as pressões internas até o ponto que estamos por explodir. Então, começa a sensação de mal estar profundo, de colapso eminente, a necessidade de sair a qualquer momento do ambiente e buscar desafogo, respirar, sentar e deixar-se ir. Como a maioria das pessoas não tem consciência efetiva desse processo interior, quando os estados internos alterados chegam ao ápice, vem um profundo medo de que se esteja tendo um mal súbito, um colapso, um algo desconhecido que pode levar à nossa morte. Eis a crise de pânico.

O que fazer e como tratar a síndrome do pânico

(...) Muitos profissionais apenas receitam remédios ou estratégias que acalmam, refreiam ou entorpecem as pessoas, restringindo a sua superfície, sem dar-lhes um auxílio real e curativo. Mas o uso isolado de remédios não cura as pessoas. As estratégias bem sucedidas no tratamento da síndrome do pânico são aquelas que transmitem confiança humana, segurança e sentido de orientação sólida e coerente. E, junto com isso, são as que trazem consciência à pessoa – revelando suas posturas e conflitos internos -, que a ajudam a conhecer-se, a entender-se, a educar-se e desenvolver-se psicologicamente, tornando-a madura e competente para lidar com as diversas situações da vida e, inclusive, com alguma situação momentânea específica e difícil.

Um psicoterapeuta ou uma psicóloga competentes e humanos são ótimos profissionais para esse processo. Eles têm de ter interesse genuíno pelo paciente e serem sinceros para auxiliar no menor tempo possível o amadurecimento do indivíduo e a sua cura. Da mesma forma, um terapeuta floral ou um terapeuta corporal experientes, que compreendam os conteúdos psicológicos e as somatizações, podem ser fundamentais para a cura da pessoa. (...) Muitos outros recursos naturais podem ser utilizados com excelente proveito para o auxílio da estabilização do indivíduo durante o tratamento da síndrome do pânico: as ervas medicinais, a acupuntura, a homeopatia, as massagens terapêuticas e outros.

Porém, em todos eles é preciso ter humanidade, interesse pelo ser humano, empatia, apoio, disposição e integridade, para que assim estabeleça-se uma confiança mútua e uma possibilidade de caminho de recuperação saudável.

Antes de qualquer técnica, droga ou terapia, o acolhimento humano é ainda o melhor remédio: com apenas um toque de humanidade, verdadeiro e amoroso, é possível dissolver grandes conflitos, dores e males, que talvez os remédios levem anos para resolver.


Alberto Giovanni Fiaschitello é terapeuta naturalista e cientista social.
Publicado no The Epoch Times, edição em português.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Dialogando com a dor

"Ler é o diálogo silencioso com nossos fantasmas"
Por Martha Medeiros

Não simpatizo nada com a ideia de sentir dor. Para minha sorte, elas foram raras. Vivi dois partos normais que pareceram um passeio no parque, nada doeu, sobrou relaxamento e prazer. Quando penso em dor física, o que me vem à lembrança são as idas ao dentista quando era criança. Começava a sofrer já na noite anterior, sentia enjôos fortíssimos, não conseguia dormir, passava a madrugada chorando só de imaginar que no dia seguinte teria que enfrentar a broca e seu barulho aterrorizante. Estou falando de uma época em que crianças tinham cárie - hoje muitas nem sabem o que é isso, bendito flúor. Mas o que fazer em relação a esse tipo de dor?

Se nos pega de surpresa (um tombo, uma cabeçada, um corte), suportar. Se for uma dor interna, tomar um analgésico e esperar que passe. Não se pode dialogar com a dor física. Músculos, nervos, órgãos, pele, essa turma não escuta ninguém. Ainda bem que não são dores constantes, e sim pontuais. De repente, somem.

Já a dor psíquica não é tão breve. Pode durar semanas. Meses. Sem querer ser alarmista, pode durar uma vida. Porém, é mais elegante que a dor física: nos dá a chance de duelar com ela, ao contrário da outra, que é um ataque covarde. A dor psíquica possibilita um diálogo, e isso torna a luta menos desigual. São dois pesos-pesados, sendo que você é o favorito. Escolha suas armas para vencê-la.
Armas?

Por exemplo: redija cartas para si mesmo. Console-se escrevendo sobre o que você sente e depois planeje seus próximos passos. Escrever exorcisa, invoca energia. Cartas e cartas para si mesmo, estabelecendo uma relação íntima entre você e sua dor - amanse-a.

Terapia. A cura pela fala. Você buscando explicar em palavras como foi que permitiu que ela ganhasse espaço para se instalar, de onde você imagina que ela veio, quem a ajudou a se apoderar de você. Uma investigação minuciosa sobre como ela se desenvolveu e sobre a acolhida que recebeu: sim, nós e nossas dores muitas vezes nos tornamos um só. É difícil a gente se apartar do que nos dói, pois às vezes é a única coisa que que dá sentido a nossa vida.

Livros. O mais deslumbrante canal de comunicação com a dor, pois através de histórias alheias reescrevemos a nossa própria e suavizamos os efeitos colaterais de estar vivo. Ler é o diálogo silencioso com nossos fantasmas. A leitura subverte nossas certezas, redimensiona nossos dramas, nos emociona, faz rir, pensar, lembrar. Catarses intimidam a dor. 

Meditação. Religião. Contato com a natureza. Viagens. Amigos. Solidão. Você decide por qual caminho irá dialogar com a sua dor, num enfrentamento que, mesmo que você não saia vitorioso, ao menos fortalecerá seu caráter.

Quem não dialoga com sua dor psíquica não a reconhece como a inimiga admirável que é, capaz de torná-lo um ser humano melhor. A reduz a uma simples dor de dente e, como uma criança, desespera-se sozinho no escuro.

Este texto foi presente de um respeitado repórter; meu ex-professor e hoje querido amigo.
Um solidário transtornado como nós. ;)


Coragem, saúde e força a todos!

segunda-feira, 1 de abril de 2013