sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Casa bagunçada pode provocar ansiedade: o que fazer a respeito disso?

(Imagem: Freepik)

Você já se sentiu sobrecarregado pela visão de desordem e bagunça em sua casa? Entrar pela porta e deparar-se com papéis espalhados, pratos sujos e roupas desorganizadas já te fez sentir esgotado? Talvez você até tenha tido discussões porque isso te incomoda mais do que seu parceiro ou colega de casa.

Você não está sozinho. Muitas pessoas relatam que uma casa bagunçada pode desencadear sentimentos de estresse e ansiedade. Então, por que a desordem e o caos afetam alguns de nós dessa maneira? 

Sobrecarga cognitiva

Quando estamos cercados por distrações, nossos cérebros se tornam campos de batalha por atenção. Tudo compete pelo nosso foco. No entanto, o cérebro tende a preferir a ordem e a realização de uma tarefa de cada vez, em vez de multitarefas.

A organização contribui para reduzir a competição pela nossa atenção e alivia a carga mental. Embora algumas pessoas sejam melhores em ignorar distrações do que outras, ambientes desorganizados podem sobrecarregar nossas capacidades cognitivas e nossa memória.

Desordem e bagunça podem afetar mais do que apenas nossos recursos cognitivos. Eles também estão relacionados à nossa alimentação, produtividade, saúde mental, decisões parentais e até nossa disposição para doar dinheiro.

As mulheres são mais afetadas do que os homens?

Pesquisas sugerem que os efeitos prejudiciais da bagunça e da desordem podem ser mais acentuados nas mulheres do que nos homens. Um estudo com 60 casais de renda dupla descobriu que mulheres que viviam em lares desorganizados e estressantes tinham níveis mais altos de cortisol (um hormônio associado ao estresse) e sintomas de depressão mais intensos.

Esses efeitos permaneceram consistentes mesmo quando fatores como satisfação conjugal e traços de personalidade foram levados em consideração. Em contraste, os homens deste estudo pareceram em grande parte não afetados pelo estado de seus ambientes domésticos.

Os pesquisadores teorizaram que as mulheres podem sentir uma responsabilidade maior pela manutenção da casa. Também sugeriram que o aspecto social do estudo (que envolveu visitas domiciliares) pode ter induzido mais medo de julgamento nas mulheres do que nos homens.

Todos nós enfrentamos desordem e desorganização em algum grau em nossas vidas. Às vezes, no entanto, problemas significativos de desordem podem estar relacionados a condições subjacentes de saúde mental, como transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de acumulação, transtorno depressivo maior, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (tdah) e transtornos de ansiedade.

Isso levanta uma questão crucial: o que veio primeiro? Para alguns, a desordem é a fonte de ansiedade e angústia; para outros, a saúde mental precária é a fonte de desorganização e desordem.

Nem toda bagunça é um problema

É importante lembrar que a desordem não é inteiramente negativa, e não devemos buscar a perfeição. As casas reais não se parecem com as das revistas. Na verdade, espaços desorganizados podem resultar em maior criatividade e provocar novos insights.

Viver em constante desordem não é produtivo, mas buscar a perfeição na limpeza também pode ser contraproducente. O perfeccionismo em si está associado a sentir-se sobrecarregado, ansioso e com problemas de saúde mental.

A desordem me deixa ansioso, então o que posso fazer a respeito?

É importante lembrar que você tem algum controle sobre o que é importante para você e como deseja priorizar seu tempo.

Uma abordagem é tentar reduzir a desordem. Por exemplo, você pode reservar um tempo dedicado à organização toda semana. Isso pode envolver a contratação de alguém para te ajudar (se puder pagar) ou ouvir música ou um podcast enquanto arruma a casa por uma hora com as outras pessoas que moram nela.

Estabelecer essa rotina pode reduzir as distrações causadas pela desordem, aliviar sua carga mental geral e diminuir a preocupação de que a bagunça saia do controle.

Você também pode tentar uma micro-organização. Se não tiver tempo para uma limpeza completa, reserve apenas cinco minutos para limpar um pequeno espaço.

Se a desordem for causada principalmente por outros membros da casa, tente discutir com calma com eles como essa bagunça está afetando sua saúde mental. Veja se eles podem negociar alguns limites como sobre qual nível de bagunça é aceitável e de que forma será tratado se esse limite for excedido.

Essa situação também pode ajudar você a desenvolver uma mentalidade autocompassiva.

A bagunça não define se você é uma pessoa "boa" ou "ruim" e, às vezes, pode até estimular sua criatividade. Lembre-se de que você merece sucesso, relacionamentos significativos e felicidade, seja o seu escritório, casa ou carro uma bagunça.

Conforte-se com pesquisas que sugerem que, embora ambientes desorganizados possam nos tornar suscetíveis ao estresse e à má tomada de decisões, sua mentalidade pode protegê-lo contra essas vulnerabilidades.

Se a desordem, o perfeccionismo ou a ansiedade começarem a parecer incontroláveis, converse com seu médico sobre um encaminhamento a um psicólogo. O psicólogo certo (e você talvez precise tentar alguns antes de encontrar o certo) pode ajudá-lo a cultivar uma vida orientada por valores que são importantes para você.

Desordem e bagunça são mais do que apenas incômodos visuais. Elas podem ter um impacto profundo no bem-estar mental, na produtividade e nas nossas escolhas.

Compreender por que a desordem afeta você pode te capacitar a assumir o controle de sua mentalidade, seus espaços e, consequentemente, sua vida.

(Fonte: Érika Penney, professora de Psicologia Clínica da Universidade de Tecnologia de Sydney - The Conversation


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