Por Camilla Muniz
(Jornal Extra)
Cerca de 5% dos adultos já tiveram pelo menos uma crise de pânico na vida. O dado, proveniente da Associação Americana de Psiquiatria, é um sinal de alerta para a incidência da síndrome do pânico. Caracterizada como um transtorno de ansiedade, a doença é mais comum entre mulheres e tem cura se tratada adequadamente.
Segundo o psiquiatra Bruno Pascale Cammarota, o problema é causado pela combinação de componentes genéticos e fatores sociais ligados ao estresse, como perdas de pessoas queridas e cobranças no trabalho.
— As situações vão se acumulando e acabam eclodindo de uma hora para outra — diz o médico, do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla. — A síndrome do pânico atinge duas mulheres para cada homem, porque elas sofrem mais cobranças da sociedade. Ter que estar sempre bonita e enfrentar, muitas vezes, uma jornada tripla de trabalho gera muita ansiedade. Além disso, há fatores hormonais que contribuem para o desenvolvimento da doença.
A maior parte dos pacientes têm entre 15 e 30 anos, mas o problema também pode afetar crianças (sobretudo na faixa entre 7 e 10 anos) e idosos. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, maiores são as chances de cura.
— Em geral, a pessoa demora muito para procurar o especialista certo. Além disso, é comum confundirem o ataque de pânico com um princípio de enfarte, o que retarda o diagnóstico — ressalta Cammarota.
O tratamento da síndrome do pânico combina medicamentos com psicoterapia e dura, no mínimo, seis meses, podendo se estender por anos. De acordo com Cammarota, esse tempo longo faz com que muitos pacientes abandonem o programa de recuperação, o que aumenta os riscos de reincidência da doença.
— Existem pessoas que pensam que já estão curadas e se dão alta, sem completar o tratamento. E ainda há aquelas com preconceito contra o próprio transtorno, que acreditam que o problema não requer terapia medicamentosa, mas espiritual — explica o especialista.
Medo de locais públicos leva ao isolamento
As crises de pânico ocorrem geralmente em lugares públicos. Acredita-se que estar fora de casa seja, por si só, um fator gerador de ansiedade. Isso faz com que o paciente associe o problema ao local onde ele está e se isole cada vez mais.
— A agorafobia (medo de espaços abertos) é um fator complicante. Por isso, às vezes, a síndrome do pânico vem associada à depressão, já que a pessoa não consegue qualidade de vida e se restringe a fazer o que lhe dá prazer — completa Bruno Cammarota.
O abuso de álcool é outro problema que pode decorrer da doença. O papel da família para orientar o paciente com síndrome do pânico a procurar tratamento e seguir nele até o fim é fundamental.
Como agir para ajudar
Ao presenciar um ataque de pânico, é importante falar palavras positivas para a pessoa, com o objetivo de acalmá-la. Em seguida, deve-se buscar ajuda médica.
Segundo o psiquiatra, crianças com síndrome do pânico apresentam, durante a crise, palpitações, mãos geladas e mal-estar inexplicável:
— Muitas vezes, elas têm vergonha de falar e, na escola, se sentam perto da porta, porque acham que ninguém olhará para elas ali.
(foto: divulgação)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por deixar seu comentário no Sem Transtorno! Não deixe de nos seguir nas redes sociais e se inscrever no nosso canal no YouTube! @semtranstorno