Distúrbios de estresse e ansiedade são os principais problemas emocionais desse grupo, podendo acarretar em comportamentos autodestrutivos e vícios.
Não é novidade para ninguém que os homens sempre foram cobrados socialmente quanto à demonstração de equilíbrio emocional, fibra e resiliência — a capacidade de se recuperar e dar a volta por cima. Prova disso é a conhecida máxima "homem não chora", dito popular tão presente no vocabulário das gerações que antecederam a presente. No entanto, a medicina tem revelado que ambos os sexos estão sujeitos a problemas de cunho emocional, e eles são semelhantes.
Sérgio Klepacz, psiquiatra do Hospital Samaritano, exemplifica um dos muitos dramas enfrentados pelo sexo masculino, bem como suas consequências. "Eles sofrem com demandas específicas de gênero. O papel de ser o provedor da família é o grande desafio, que começa logo cedo, quando ele se vê diante de escolhas profissionais e amorosas", aponta. De acordo com o médico, esse tipo de cobrança é característica da sociedade moderna, a qual é baseada no consumo e no status social. Isso resultaria em um aumento de estresse e, consequentemente, em medo e insegurança com relação ao futuro.
Então, seria o homem moderno o tal "sexo frágil"? Luiz Cuschnir, psiquiatra e autor do livro Homens sem máscaras – paixões e segredos dos homens (Ed. Campus), afirma que não há como definir quem é mais vulnerável emocionalmente quando o assunto é saúde. Ele explica que aquilo que é definido como parâmetro social está em constante transformação, o que obriga homens e mulheres a reinventar constantemente suas estratégias para lidar com as dificuldades. "A fragilidade é do ser humano. Em qualquer crise, existem mudanças de paradigmas que afetam seus participantes. Por exemplo: o homem foi atingido quando percebeu uma inversão de papéis em sua relação com a mulher, e se fragilizou até encontrar novos padrões e uma maneira de viver com seus papéis revistos. Mas isso não fez que ele se tornasse o sexo frágil, pois a mulher também passou e continua passando por uma série de dilemas que também a fragilizam".
Se não combatidos, porém, estes questionamentos podem evoluir para conflitos emocionais graves e acabar afetando o desempenho profissional e a vida social. "Homens não tratados emocionalmente fazem escolhas incorretas, passam a depender de relacionamentos que os consomem e não adquirem estrutura emocional para mudarem o rumo de sua vida. Isso para não falar das dependências químicas e quadros clínicos", alerta.
O estresse nosso de cada dia
Segundo Klepacz, a maioria dos problemas emocionais do universo masculino está ligada a duas causas primordiais: estresse e ansiedade. E as linhas que as separam são muito tênues. No caso do estresse, motivos é que não faltam para desenvolvê-lo no dia a dia. Contudo, o psiquiatra destaca a insegurança quanto ao futuro — seja profissional ou amoroso — como um fator estressante que assola constantemente os marmanjos. "Os hormônios do estresse (principalmente o cortisol) são liberados quando o homem acumula esse tipo de sentimento, além de frustrações e solidão. Essa substância gera a sensação de ansiedade, medo e até depressão. Portanto, sem que percebamos, desenvolvemos uma postura de ‘medo do medo’, do qual o ciúme e a dependência emocional são sentimentos acessórios". Ou seja: em alguns casos, o que é considerado um problema emocional (como o excesso de ciúme em um namoro, por exemplo), na verdade é apenas um dos sintomas de algo maior.
Ânsia por aprender
No tocante à ansiedade, um dos principais causadores é o nível de exigência do mercado de trabalho quanto ao aprendizado. Em meio a um excesso de informação, o indivíduo se vê obrigado a desenvolver habilidades novas e a adquirir mais conhecimento e graduações para alçar posições melhores em sua carreira.
"Os parâmetros para ser um bom profissional subiram. Tudo o que você tem de aprender no mundo pode gerar algum distúrbio de ansiedade. Esses excessos acabam afogando o cérebro e bloqueando as áreas racionais. O sujeito não consegue lidar com tudo isso", comenta Klepacz. Embora seja um sentimento inerente ao ser humano, essa ânsia para atender expectativas pode resultar em quadros de síndrome do pânico ou transtorno de ansiedade generalizada.
Eles têm coração
Cuschnir destaca que muitos homens vão aos consultórios devido a traumas decorrentes de relacionamentos frustrados ou por não encontrar a companhia que procuram. "Eles não encontram uma parceira capaz de compartilhar suas necessidades. Às vezes, se confundem e têm padrões que elas não correspondem, ficam insatisfeitos e se isolam, superficializam as relações ou simplesmente não aceitam as mulheres. Ainda desejam companheiras dedicadas, fiéis, envolvidas e disponíveis, mas quando percebem que não os atendem, mesmo sofrendo pela frustração ou pelo envolvimento amoroso, reveem o relacionamento e o rompem", esclarece.
Fonte: Revista Viva Saúde
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