sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Terapias Alternativas

Tenho muita vontade de fazer yoga, meditação, alongamento, dança de salão... qualquer atividade que relaxe e que ao mesmo tempo melhore um pouquinho a silhueta desta pobre e incansável mãe, que não tem quase tempo algum para cuidar de si.
Na falta de tempo e de uma boa academia perto de casa, acabei me matriculando num curso de artesanato. Pelo menos cumpre com o primeiro objetivo que é relaxar!
Vou fazer "pintura em madeira". Decoupage, mosaico... Chega a ser engraçado. Quem me conhece sabe como sou "jeitosinha". Estou contando com a paciência oriental que deve correr no meu sangue e que anda meio em falta comigo.

O que importa é termos um tempinho só prá gente. Temos que relaxar um pouco todos os dias, pensar em coisas boas, pra quem acredita fazer uma boa oração, pedir proteção e apoio mesmo. 

TERAPIAS ALTERNATIVAS


Dr. Drauzio Varella entrevista o psiquiatra Marcio Bernik (parte 6)

Drauzio – Terapias alternativas como meditação e ioga fazem algum efeito?
Bernik - Sou fã dessas duas que você mencionou nem tanto para o pânico que, às vezes, é uma doença biológica. No entanto, para os problemas de ansiedade e para as pessoas que manifestam preocupação excessiva chamada de ansiedade generalizada, atividades contemplativas como a meditação e ioga ajudam a assumir uma atitude menos agressiva perante o mundo, menos carregada de espírito competitivo, ou seja, a desenvolver um comportamento oposto ao que as empresas preconizam.Terapias alternativas que incluem remédios como o Hipericum ou à base de flores não têm sua eficácia comprovada e, aparentemente, funcionam como placebos. No caso específico do Hipericum, há relatos de hemorragia por causa de sua propriedade anticoagulante. O fato de ser uma erva não quer dizer que não faça mal.Drauzio – É sempre bom lembrar que muitos dos piores venenos que conhecemos vêm de ervas.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Duração do Tratamento

Um dos meus maiores receios era (e ainda é) ficar dependente de remédios pro resto da vida. Mas escutei a mesma coisa de três médicos diferentes: "melhor ficar dependente de remédio e ter qualidade de vida do que não tomar remédio e passar o resto da vida sofrendo". Verdade.

Só tem uma coisa: a gente tem que tomar remédio sim, mas não só isso. Tem que cuidar da cabeça também, do espírito, as duas coisas. Não adianta só tomar remédio, assim como não adianta só fazer terapia. Tem que associá-las. Cada uma tem sua função. O remédio vai atuar na química do nosso sistema nervoso meio "desajustadinho", e a terapia vai nos ajudar a desvendar e a enfrentar as causas do problema.
Tem que ter perseverança, força de vontade. É difícil, mas tem que ter coragem prá enfrentar tanto medo.


DURAÇÃO DO TRATAMENTO

Dr. Drauzio Varella entrevista o psiquiatra Marcio Bernik (parte 5)
Drauzio – O tratamento deve ser mantido por quanto tempo?
Bernik – O tratamento deve ser mantido por seis meses no mínimo e idealmente por um ano. A melhora costuma ocorrer entre duas e quatro semanas, mas parece que as alterações biológicas demoram meses para desaparecer. Desse modo, se o tratamento for interrompido nos primeiros sinais de melhora, 80% dos pacientes vão sofrer recidiva em quatro a seis semanas.

Drauzio – O tratamento leva de duas a três semanas para começar a surtir resultados e os medicamentos dão alguns efeitos colaterais. Essas duas razões podem levar o paciente a abandonar o tratamento?
Bernik - Mesmo que o médico inspire confiança e haja ótimo relacionamento entre ele e o paciente, um a cada três abandona o tratamento porque, numa equação infeliz, os efeitos colaterais aparecem no primeiro dia e a melhora, só duas ou três semanas depois. Há ainda a agravante de que as crises de pânico pioram nas primeiras 48 horas do tratamento com remédios.

Drauzio – Há pacientes que precisam tomar remédio a vida inteira como em certos casos de depressão?
Bernik – Procuro manter meus pacientes tomando remédio pelo menos por um ano, o tempo ideal para evitar uma recidiva precoce.O pânico é mais recidivante do que a depressão. No entanto, o remédio que funcionou na primeira crise vai funcionar nas outras. De qualquer forma, é importante alertar os pacientes de que, em 80% dos casos, as crises podem voltar. Mas, se voltarem, os medicamentos serão os mesmos porque não induzem tolerância.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Tratamento da Síndrome do Pânico

Além das palpitações e da falta de ar, o que mais me incomodava eram os pensamentos negativos que me acompanhavam o tempo todo. Como se eu andasse com uma nuvenzinha negra - daquelas de desenhos, sabe, com trovoadas - em cima da cabeça. Pra onde quer que eu fosse, a tal nuvenzinha carregada ia comigo.
"Ó, céus... ó, vida... ó, azar..."
Abençoados sejam os descobridores da fluoxetina! :)

TRATAMENTO

Dr. Drauzio Varella entrevista o psiquiatra Marcio Bernik (parte 4)

Drauzio – Como você orienta o tratamento de uma pessoa que diz ter crises de pânico em determinadas situações?
Bernik – O pânico pode indicar um problema primário próprio do transtorno de pânico ou ser a manifestação secundária do uso exagerado de medicamentos que podem provocar crises de pânico em pessoas propensas, como os corticóides e a maioria das anfetaminas, no Brasil, largamente usadas por mulheres jovens que querem emagrecer. É preciso pesquisar também o uso de psico-estimulantes, como a cocaína e o ecstasy, uma anfetamina halogenada de ação serotonérgica extremamente rápida. Portanto, é fundamental verificar se o quadro de pânico é secundário a outras patologias. O hipertireoidismo, por exemplo, pode provocar sintomas muito parecidos com os das crises de pânico. Uma vez afastadas essas possibilidades, é relativamente simples firmar o diagnóstico clínico do transtorno de pânico. Os sintomas são muito claros. Deve-se, ainda, tentar fazer uma análise funcional para estabelecer as limitações que a doença acarretou a fim de estimular uma melhora na qualidade de vida do paciente.

Drauzio – O tratamento implica uma parte medicamentosa e outra comportamental. Qual é a orientação que se dá aos doentes?
Bernik – O que se sabe hoje é que a técnica de combinar medicamentos e terapia comportamental é mais eficiente, pois é muito penoso para o paciente adotar um programa comportamental baseado na exposição a situações que provocam pânico, sistematicamente, de forma gradual e progressiva, até que ocorra a dessensibilização.A terapia de exposição baseia-se na capacidade de o ser humano habituar-se ao estresse. É como se assistisse a um filme de terror 15 vezes. Na primeira vez, os cabelos ficam em pé. Na segunda, como já sabe o que vai rolar e que vai espirrar sangue no teto, a reação é menos intensa. Na última, o filme não desperta mais nenhuma resposta emocional. Todavia, os pacientes aceitam melhor o tratamento e melhoram mais depressa se simultaneamente tomarem antidepressivos, medicação que se torna obrigatória para os 60% daqueles que têm depressão associada ao pânico.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Ansiedade antecipatória e agorafobia

Logo que tive minha primeira crise de pânico, comecei a tomar os remédios (antidepressivo e calmante) e a fazer psicanálise. Achava essa terapia bem chatinha... eu ficava de costas para a psicanalista, deitada num divã, chegava a dar sono. Então parei cerca de um ano depois, ou nem isso. Passei anos sem tomar medicamento e sem acompanhamento psicológico, segurando a onda sozinha. As crises de pânico diminuíram, mas alguns sintomas continuaram - palpitação, falta de ar e pensamentos negativos. Convivi com isso diariamente até que, em 2004, meu pai ficou muito doente e eu entrei em parafuso. Por recomendação da minha chefe, que ficou preocupada ao me ver perdendo peso e muito deprimida, procurei um psiquiatra e uma outra psicóloga. O psiquiatra me receitou a fluoxetina, a psicóloga uma vida com menos cobranças...


ANSIEDADE ANTECIPATÓRIA E AGORAFOBIA

Dr. Drauzio Varella entrevista o psiquiatra Marcio Bernik (parte 3)



Drauzio – Quais são os gatilhos mais freqüentes para as crises do transtorno de pânico? Por que uma pessoa passa 30 anos sem ter nada e um dia, por ter ficado fechada dentro de um elevador quebrado, começa a manifestar o problema em situações que nada tem a ver com esse fato?
Bernik – O transtorno de pânico é uma doença que se manifesta especialmente em jovens e acomete mais as mulheres do que os homens. A maioria dos pacientes tem a primeira crise entre 15 e 20 anos desencadeada sem motivo aparente.Com o passar do tempo, as crises vão se repetindo de maneira aleatória. Não prever quando podem surgir novamente gera uma ansiedade chamada de antecipatória. A pessoa fica preocupada com o fato de que os sintomas possam aparecer numa situação para a qual não encontre saída nem ajuda, como dentro de elevadores, metrô, aviões, salas-de-espera de médicos e dentistas, congestionamentos de trânsito. Se reagir de forma a evitar esses lugares a partir dessa experiência, desenvolverá uma segunda doença, a agorafobia, um quadro fóbico provocado pelo pânico não tratado e que se caracteriza por fugir de situações nas quais uma crise de pânico possa representar perigo, causar embaraço ou a sensação de estar presa numa armadilha. Geralmente os pacientes com pânico sofrem mais pela agorafobia do que pelo pânico em si. É o medo do medo.


Drauzio
– Isso não seria de certo modo inevitável?
Bernik
– Não é inevitável. É raro, mas algumas pessoas com personalidade mais robusta, mesmo com crises freqüentes, não desenvolvem agorafobia. Outras, depois de duas ou três crises, praticamente ficam presas ao lar. Nos casos mais graves, o paciente não consegue sair de casa sozinho. É importante registrar que a maioria das pessoas rapidamente desenvolve algum grau de limitação. Em geral, só conseguem ir trabalhar, se puderem percorrer o mesmo caminho. Pegar um avião ou uma estrada congestionada num feriado é hipótese fora de cogitação. Outra característica importante da agorafobia é que, uma vez estabelecida, não constitui uma fase passageira da doença e não cura sozinha. Além disso, as crises não desaparecem com a idade. Começam quando a pessoa é jovem e se manifestam até a idade madura.Até pouco tempo atrás, as crises de transtorno do pânico eram atribuídas ao nervosismo ou desequilíbrio psicológico. Nos prontos-socorros, recebiam o diagnóstico de peripaque ou distúrbio neurovegetativo, uma maneira mais ou menos pejorativa de os médicos dizerem que o paciente não tinha nada, embora estivesse apresentando um episódio patológico de origem cerebral.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Sintomas do transtorno do pânico

Minha primeira crise de pânico aconteceu em 1997. Estava numa situação comum, no carro de um ex-namorado, indo para um bar com meus primos de São Paulo que nos visitavam. Todos felizes e contentes. De repente, do nada, senti um calor subindo pelo meu corpo e uma sensação de pavor. Meu braço - acho que o esquerdo - pesou, ficou dormente, me deu falta de ar, pressão no peito, na cabeça, pensei que estivesse tendo um infarto e um derrame ao mesmo tempo.

Já na emergência do Hospital Miguel Couto, pra onde fui levada, eu não conseguia ficar quieta. Andava de um lado pro outro como se não pudesse ficar parada ou então perderia os sentidos. Se não me engano, me deram um calmante na veia. Acho que Lexotan. E apaguei.


Um médico comentou que eu estava tendo uma crise nervosa e me aconselhou a procurar um especialista. Lembro também de terem me perguntado várias vezes se eu tinha usado alguma droga. "Não. Nem nunca usei." Só pouca maconha e muitas porradinhas (Coca-Cola com cachaça) na adolescência.
Procurei um bom clínico geral, indicado por uma amiga da minha mãe, que fez o diagnóstico: Síndrome do Pânico. Mas o que era isso???

"Isso" significava que eu teria que tomar um tal de Aropax e um outro tal de Frontal durante algum tempo e que teria que ser acompanhada por uma psicóloga. Que algumas vezes não conseguiria dormir nem tomar banho sozinha, que seria acometida por medos absurdos dentro do ônibus e teria que descer no meio do caminho. Que minha vida mudaria completamente a partir dali e que eu teria que ter muita força.


SINTOMAS DO TRANSTORNO DO PÂNICO

Dr. Drauzio Varella entrevista o psiquiatra Marcio Bernik (parte 2)
Drauzio – Os sintomas que o transtorno do pânico provoca são semelhantes ao da ansiedade normal, apenas mais intensos, ou são diferentes?
Bernik – Os sintomas são relativamente similares. As sensações físicas da ansiedade são uma reação normal, por exemplo, caso a pessoa tenha fobia de lagartixa ou de falar em público e se veja diante de uma dessas situações. O que caracteriza o pânico é a forma abrupta e inesperada que os sintomas aparecem e o fato de a crise atingir o ápice em dez minutos. Na verdade, bastam 30 segundos para o paciente, que estava se sentindo bem, ser tomado inexplicavelmente por sintomas que de certa forma todos conhecemos: boca seca, tremores, taquicardia, falta de ar, mal-estar na barriga ou no peito, sufocamento, tonturas. Muitas vezes, tudo isso vem acompanhado da sensação de que algo trágico, como morte súbita ou enlouquecimento, está por acontecer. Nesses casos, é comum a pessoa ter uma reação comportamental de pânico e sair à procura de socorro. Aliás, a sala de espera dos prontos-socorros é um dos lugares onde o médico mais se depara com transtornos de pânico.

Drauzio – Nessa hora a sensação é terrível. Muitos acham que realmente vão morrer, não é?

Bernik – No episódio de pânico, a sensação de morte iminente provocada por um problema cardíaco tem duas explicações: a rapidez e a forma inesperada com que a crise acontece. A ansiedade normal tende a ocorrer em ondas, não em picos intensos. Mesmo o pânico que as pessoas sentem numa montanha-russa extremamente radical pode ser até agradável se estiver dentro de um contexto compreensível. Entretanto, a reação será muito diferente, se ele vier do out of the blue, como dizem os americanos, ou do azul do céu, como dizemos nós.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O que é a síndrome do pânico?


Para início de conversa, vamos procurar entender o que é a síndrome do pânico. Afinal, precisamos saber se você realmente está doente ou se está precisando só tirar umas férias e esfriar a cabeça.
No site do médico Drauzio Varella, o psiquiatra Márcio Bernik (coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo) define:


SÍNDROME DO PÂNICO
A síndrome do pânico, na linguagem psiquiátrica chamada de transtorno do pânico, é uma enfermidade que se caracteriza por crises absolutamente inesperadas de medo e desespero. A pessoa tem a impressão de que vai morrer naquele momento de um ataque cardíaco porque o coração dispara, sente falta de ar e tem sudorese abundante.Quem padece de síndrome do pânico sofre durante as crises e ainda mais nos intervalos entre uma e outra, pois não faz a menor idéia de quando elas ocorrerão novamente, se dali a cinco minutos, cinco dias ou cinco meses. Isso traz tamanha insegurança que a qualidade de vida do paciente fica seriamente comprometida.

Ansiedade normal e ansiedade patológica - qual é a diferença?

Dr. Drauzio Varella entrevista o psiquiatra Marcio Bernik (primeira parte)

Drauzio – Que diferença existe entre ansiedade normal e a que caracteriza a síndrome do pânico?
Bernik – Ansiedade é um estado emocional normal. Uma das características do sucesso da espécie humana é a capacidade de antecipar o perigo, o que requer uma preparação geradora de ansiedade. A ansiedade é patológica quando deixa de ser útil e passa a causar sofrimento excessivo ou prejuízo para o desempenho da pessoa. O transtorno do pânico é uma das formas de manifestação da ansiedade patológica.

Drauzio – No dia-a-dia, quando as pessoas dizem que estão ansiosas a que exatamente estão se referindo?
Bernik - Provavelmente se referem a um estado emocional normal, um tipo de ansiedade que as faz ficar acordadas até mais tarde na véspera de uma prova ou de uma entrevista para um emprego novo. É a ansiedade que nos permite, apesar do cansaço, jogar bola até o final do segundo tempo sem deitar e dar um cochilo no campo.A ansiedade advinda da preocupação de que alguma coisa possa dar errado é útil dentro do contexto apropriado. Por isso, quando as pessoas se dizem ansiosas, estão mesmo, e isso pode não representar inconveniente maior.A ansiedade patológica é desproporcional ao contexto. As sensações que o paciente com transtorno do pânico experimenta nas crises podem ser absolutamente normais e apropriadas se a pessoa estiver dentro de um prédio pegando fogo, com a diferença de que, nesse momento, sua atenção estará voltada para a própria sobrevivência e ela não dará importância às manifestações de taquicardia, sudorese e falta de ar que se instalaram.


Entendeu? A ansiedade só é considerada uma doença se nos impede de levar uma vida normal. Todos podem se sentir um pouco agitados de vez em quando, principalmente às vésperas de tomar uma decisão importante ou de uma prova na faculdade, por exemplo. Mas quando isso se torna constante e vem acompanhado de sintomas físicos bastante desconfortáveis, como mencionado acima, chegou a hora de procurar um médico. De preferência um psiquiatra.

Bjo.

Primeirão

Sou uma mulher de 31 anos, mãe de um menino lindo de um ano e meio, produtora de TV, tecladista de uma banda de reggae e, dentre vários outros predicados, vítima de transtorno de pânico (ou síndrome do pânico).

Minha intenção é fazer desse espaço uma fonte de informações e de boas inspirações, de bons pensamentos, para mim e para outras pessoas que também sofrem com o mesmo problema ou similares.

Para a estréia do meu blog, escolhi um texto que li há poucos dias e que tem a ver com o momento que estou passando:

“Para a Tristeza

Companheira, sei que você vai chorar quando ler esta carta, mas quero deixar de ver você por uns tempos.
Vai ser difícil para mim, pois me acostumei à sua presença, porém não vejo mais motivos para continuarmos juntas. Não nego sua importância; em diversos momentos difíceis da minha vida você permaneceu comigo, mesmo quando todos se afastaram. Só que, com você, sinto que não ando para a frente. Esse seu pessimismo me atrapalha.
Tenho tentado evitar você de todas as maneiras, e isso não é legal. Ainda mais porque sei que se magoa por qualquer coisinha. Mas basta você chegar e lá se vai minha alegria. Não agüento mais os seus assuntos mórbidos, a sua cara desanimada. Até sexo, com você, ficou sem graça. Nada mais broxante do que gente que chora durante a transa.
Perdi anos de minha vida ao seu lado, tristeza, acreditando em tudo que você dizia. Que o amor não existe e o mundo não tem jeito. (...) Agora, chegou a hora de dar chance à alegria, que há muito tempo tem mostrado interesse em passar uns tempos comigo. Ela me elogia, sabe? Você? O único elogio que eu me lembro de ter ouvido de você foi que eu fico bem de olheiras. (...)
Desde pequena, abro mão de muita coisa pela sua companhia. Festas a que não fui porque você não me deixou ir, paisagens lindas nas quais não reparei porque você exigiu de mim total atenção, amigas que perdi porque insisti em levar você comigo a todos os lugares. Ora, tristeza, tente ao menos ser mais leve. Sorria de vez em quando, pare um pouco de se lamentar. Ou vai continuar sendo assim: ninguém querendo ficar com você.
Não vou cobrar o que deixei de ganhar por sua má influência, pois sei que tristezas não pagam dívidas. Mas quero de volta meus discos de dance music, que você tirou da prateleira. E minhas roupas estampadas, que sumiram do meu armário depois que você se instalou aqui.
Por favor, não tente entrar em contato comigo com as mesmas velhas razões de sempre. Não é a fria lógica dos seus argumentos que irá guiar meu coração daqui por diante. Quero ver a vida por outros olhos, que não os seus. Quero beber por outros motivos, que não afogar você dentro de mim. Cansei da sua falta de senso de humor, do seu excesso de zelo. Vá resolver as suas carências em outro endereço.
Como me disse o Lulu, hoje de manhã, no carro, a caminho do trabalho: “Não te quero mal, apenas não te quero mais”.
Bye, bye.”

(texto de Fernanda Young – revista Cláudia, agosto de 2007)


Vida nova, galera. Um grande beijo e sejam todos bem-vindos.