Tente se proteger |
Definitivamente, não precisamos ser vítimas reais de uma tragédia ou de um ato de violência para sofrermos com as consequências de um trauma: o espectador também passa por momentos de estresse agudo ao se deparar com uma situação dessas. O cérebro não diferencia o real do imaginário tão rapidamente, e apenas a expectativa de viver algo trágico, já é o suficiente para deixar o nosso corpo em estado de alerta.
Hoje, infelizmente, nos chocamos e nos sensibilizamos com as mais de duzentas e trinta vidas que foram perdidas no incêndio da boate de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. É impossível não ficar chocado com a morte de tantos jovens, pensar nos momentos de desespero... E as emissoras de TV passam a todo instante as mesmas imagens chocantes, os mesmos depoimentos tristes... não tem como não ficar estressado.
Quando aconteceu aquele tsunami no Japão, em março de 2011, parecia que alguém da minha família tinha morrido. Durante dias, fiquei muito deprimida com tudo que vi e ouvi sobre a tragédia. A cada nova informação, a cada vítima fatal que anunciavam eu sofria com suas histórias e com suas famílias, como se todas - histórias e famílias - fossem minhas. Por isso, falo por experiência própria: se situações como essas também lhe fazem sofrer absurdamente, troque de canal, pense em outra coisa, leia um livro, uma revista, escute uma música, se distraia com outras coisas, mas não absorva nada pra você. Eu procuro imaginar sempre uma redoma me protegendo; as energias ruins batem nessa redoma e vão para longe!
Somos mais sensíveis, suscetíveis, vulneráveis, mais propensos a sofrer em demasia com emoções dessa natureza (ansiedade, tristeza...), então devemos nos policiar para não transformarmos todos os problemas do mundo em nossos problemas. Podemos, e devemos, ser solidários, ajudar, mas não viver o drama do outro como se fosse nosso. Acredito que seja um exercício necessário para nos mantermos mais equilibrados e fortalecidos.
Paz, coragem, força!
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