sábado, 2 de fevereiro de 2013
Pânico, depressão e preconceito
Em julho de 1997, estava planejando uma viagem ao Japão com uma amiga. Chegamos a fazer todo o trâmite, fomos juntas ao consulado, à São Paulo para fazermos alguns exames médicos... pretendíamos trabalhar durante um tempo e aprender o idioma na bela terra dos nossos pais. Acontece que naquele mesmo ano, meses antes, eu tive minha primeira crise de pânico e minha psicóloga me aconselhou a não viajar. Os argumentos dela eram fortes: como é que eu ficaria dentro de um avião durante 24 horas - que é o tempo estimado da viagem - se não conseguia ficar por 10 minutos dentro de um ônibus, sem passar mal? E se eu precisasse de ajuda no Japão? Eu não dominava a língua... E será que no Japão eles sabiam o que era Síndrome do Pânico? Será que eu teria a assistência que precisava? Bom, nem preciso dizer que fiquei com muito medo e desisti de tudo, bem em cima da hora, quando tínhamos que marcar a passagem. Minha amiga ficou muito chateada comigo, achou que era frescura. Infelizmente, naquela época a doença era muito menos conhecida do que hoje. Passei por vários outros julgamentos equivocados, e este é um dos motivos que me fazem estar aqui, alimentando este blog.
A Síndrome do Pânico e a Depressão
Por Dr. Hidemitsu Hishinuma
Com essa sensação de impotência, de inutilidade, a alegria de viver desaparece, diminui o brilho, o dinamismo e a espontaneidade; com isto, desenvolve-se um estado depressivo, que na maior parte das vezes é confundido com a depressão comum.
Existem crianças que só de ter que ir à escola apresentam mal-estar como náuseas, enjôos ou dores na barriga.
Como a maioria dos sintomas são físicos, as pessoas procuram outros profissionais, como cardiologistas, neurologistas, gastroenterologistas, clínicos e homeopatas, quando na realidade deveriam procurar o psiquiatra. A pessoa faz uma bateria de exames, desde eletrocardiograma, ecocardiograma, raios-X, exames de sangue e outros, e nada de anormal é detectado. Desesperado, parte até para centros espíritas.
O pânico não é detectável por nenhum tipo de exame laboratorial, apenas clinicamente. Os pronto-socorros cardiológicos ou cardiologistas são os primeiros a serem procurados devido à taquicardia, dor no peito e a dormência, depois os outros profissionais, deixando por último, até por preconceito, os psiquiatras. Dez por cento dos atendimentos cardiológicos são portadores da síndrome do pânico, que examinados pelos cardiologistas constatam que não há quaisquer anomalias. A síndrome do pânico não é uma doença psicológica, e sim física. O que ocorre é um desequilíbrio de determinada área do cérebro, alterando a química dos neuro-transmissores, responsáveis pelos impulsos nervosos. O sistema nervoso central é que comanda as funções vitais do nosso corpo, por isso ocorrem uma série de alterações no nosso organismo, é o que chamamos de D.N.V (distúrbios neuro-vegetativos).
É muito comum aos portadores da síndrome um medo constante de sentir-se mal na rua e em outras situações onde a saída e o socorro seriam difíceis. É a agorafobia, em que a pessoa apresenta uma esquiva fóbica em relação a diversas situações públicas. Com esse medo, a pessoa não consegue mais freqüentar ambientes cheios, tais como supermercados, shoppings, cinemas, teatros, bancos cheios, filas, multidões, etc. Também é comum sentir pânico de altura, de elevador, de avião, túnel, ponte Rio-Niterói, de temporal, de afastar-se de casa para outras cidades ou países; são situações onde a saída e o socorro são difíceis. Cria desculpas para não sair de casa. E, com freqüência devido à incompreensão, começam a surgir os problemas familiares. Devido o mal estar constante, o ambiente familiar fica comprometido, chegando até a separação.
O portador do pânico sofre duplamente, pois além do sofrimento físico que a própria doença proporciona, sofre por não ser compreendido por alguns familiares. É comum o portador da síndrome ouvir frases como “reaja!”, “isso é frescura...”, “pára de chilique”, “você tem medo do quê?”
Fonte: site A Síndrome do Pânico Tem Cura
Marcadores:
agorafobia,
família,
Hidemitsu Hishinuma,
Japão,
neuro-transmissores,
pânico,
preconceito,
psicóloga
Assinar:
Postar comentários (Atom)
É realmente tem gente que acha que é brincadeira um problema tão sério!
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa!
Obrigada, Mateus! E é um problema bem sério mesmo...
ResponderExcluirQuanto maior a informção sobre esse distúrbio mais se pode controlá-lo e se livrar dele.Muito bom o blog!
ResponderExcluirApoiado, Ricardo! É por aí mesmo!!! Obrigada!
ResponderExcluirOlá...
ResponderExcluiracho que o pior de tudo é a falta de comprenssão e o preconceito. Até da família. Fico profundamente magoada, quando desabafo com minha mãe ou irmão que não estou bem bem..e eles respondem " De novo???????"""" Vais perdewr o emprego e vais ficar na M....e sofro deste maç desde criança...Vai e volta... Ansiedade, Pânico e Depressão...
Anônima do dia 28/06, procure relevar essas coisas, muitas vezes somos incompreendidos por falta de informação. Por isso é importante falarmos sobre o assunto, divulgarmos. Hoje somos nós, amanhã pode ser com eles. Volte mais vezes, e cuide-se, heim?! Muita saúde pra vc.
ResponderExcluir