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quinta-feira, 17 de agosto de 2023

O sangramento emocional de ajudar aqueles que não querem ser ajudados

 


Quase todo mundo foi educado para fazer o que é possível, e o impossível, para ajudar os outros. É um conceito profundamente enraizado e que, sem dúvida, é muito louvável. No entanto, às vezes, no ato de ajudar os outros podemos praticar um sangramento emocional que drena nossa energia e destrói nosso equilíbrio psicológico.

Todos os psicólogos sabem que você não pode ajudar aqueles que não querem ser ajudados. Portanto, em alguns casos, o primeiro objetivo da terapia psicológica é fazer a pessoa entender que ela tem um problema e que precisa de ajuda. Esse é o ponto de partida para poder trabalhar, porque sem um compromisso pessoal a mudança interna é praticamente impossível. O mesmo acontece na vida em geral. Só podemos ajudar quem aceita ser ajudado.


Dar óculos para alguém que não quer ver

Ajudar quem não quer ser ajudado é como arrumar óculos pra quem não quer ver. Simplesmente não  a pessoa nãos os usará. É provável que nem mesmo valorize a nossa ajuda e o esforço que investimos, podendo até considerar nossos gestos como uma invasão em sua privacidade….

Isso significa que devemos jogar a toalha quando percebemos que uma pessoa está causando danos a si mesma? Não! No entanto, devemos estar cientes de que nossa ajuda tem limites, limites muitas vezes colocados pela outra pessoa. Devemos aprender que  a ajuda que podemos fornecer está limitada à ajuda que o outro está disposto a aceitar.

É importante entender que quando alguém está passando por uma situação difícil, pode ser assustador reconhecê-la, então ela pode precisar de um pouco de tempo para processar emocionalmente e racionalmente o que está acontecendo. Só mais tarde consegue pedir ajuda. Portanto, às vezes você tem que dar tempo para ela olhar para dentro de si mesma, entender o que está acontecendo e pedir apoio. 


A atitude correta para ajudar alguém de verdade

Quando uma pessoa que está com problemas rejeita sua ajuda, você pode se sentir irritado, frustrado. No entanto, é bom entender que esses sentimentos não ajudarão essa pessoa. Trata-se de enfrentar a situação com uma atitude diferente, e para isso você terá que:

– Suponha que todos devem aprender com seus erros e superar seus obstáculos. Nós devemos parar de agir como pais superprotetores. Precisamos entender que todos devem aprender suas próprias lições com seus erros. Por mais que amemos algumas pessoas, nem sempre podemos carregar seu “fardo” ou resolver problemas em seu lugar, porque o crescimento ocorre precisamente quando os obstáculos que a vida coloca diante de nós são superados.

– Pare de pensar que as coisas devem ser feitas de maneira precisa. Em muitas ocasiões, essa tendência de ajudar nasce da crença de que a outra pessoa está fazendo as coisas “mal”, o que é porque acreditamos que sabemos fazer “bem”. Na realidade, todos devem encontrar o caminho para resolver problemas e desenvolver um estilo de enfrentamento. Não existe uma maneira única de fazer as coisas, portanto, antes de dar sua ajuda, você deve se certificar de que se distanciou dessa crença, do contrário, é provável que queira impor sua opinião ou ponto de vista, algo que não costuma ser bem recebido e faz o outro ficar na defensiva….


O que você pode fazer:

– Não pressione. Quando uma pessoa não está psicologicamente preparada para buscar ou aceitar ajuda, pressionar pode ter o efeito oposto ao que você pretende, fazendo com que ela se feche e se afaste. Portanto, o primeiro passo é não pressionar.

– Mantenha-se disponível. A melhor maneira de apoiar uma pessoa que não quer ser ajudada é ficar ao lado dela quando ela decidir procurar ajuda. Devemos ter em mente que todos devem passar por uma série de etapas quando sofrem feridas emocionais e há etapas em que apenas um ombro amigo é necessário.

– Aprenda. O que tem sido melhor para você pode não ser uma boa solução para quem você quer ajudar. Portanto, é importante informar-se em profundidade sobre o problema. Também é conveniente encorajar essa pessoa a falar sobre o assunto para que você entenda a perspectiva dela. O melhor conselho vem da empatia, se você aconselhar do seu lugar e ponto de vista, suas soluções podem ser perfeitamente inúteis.

– Definir limites. Em alguns casos, uma pessoa com problemas pode cair numa espiral de autodestruição e, se você não for cuidadoso, pode se arrastar com ela. Portanto, é importante que você estabeleça limites que protejam seu equilíbrio emocional se realmente quiser ajudar o outro. 




domingo, 3 de novembro de 2013

Por uma infância saudável e um adulto são

Um dos meus objetivos com o Sem Transtorno é conscientizar pais e educadores sobre a importância de proporcionar à criança uma infância saudável para que, no futuro, essa criança se torne um adulto psicologicamente seguro. 

A minha experiência me serve de motivação para clamar por isso e tentar evitar que outras tantas crianças sofram as consequências de uma negligência - mesmo que essa negligência seja involuntária. Por isso, gostaria de contar um pouco da minha história para vocês.
Dessa vez não serei tão "branda" como de costume. O assunto é hard e não tenho como florear muito, espero que compreendam!


Sou filha única de pais tardios. Quando nasci, minha mãe tinha 42 anos e meu pai 44. Ela japonesa, ele filho de espanhóis; machista e moralista. Nos dias de hoje isso pode não fazer muita diferença, várias amigas minhas decidiram ser mães aos 40 por diversos motivos. Mas na minha infância, lembro que fazia diferença sim. Além da diferença de idade entre nós, havia a diferença cultural também. Minha mãe veio criança para o Brasil, mas agia como se ainda vivesse no Japão. Quando criança, eu não podia pintar as unhas nem de esmalte clarinho, usar batom mesmo que fosse clarinho também, falar palavras feias ("droga", por exemplo, era um palavrão pra ela), só fui furar as orelhas pré-adolescente e porque insisti muito. E isso, pra uma criança, não é fácil de administrar. Criança quer ser aceita, fazer parte da turma, ser igual ou melhor do que os coleguinhas. O problema é que qualquer coisa boba pode se tornar motivo para ser descriminado e virar chacota. Certas crianças saberão lidar bem com isso, outras sofrerão mais do que o necessário. Eu até que me virava bem.

Sempre fui muito mimada. Tinha os melhores brinquedos, as melhores roupas, bastava dizer "eu quero" que conseguia qualquer coisa. Meus pais trabalhavam fora de segunda a sábado, o dia todo, ambos no comércio. 
Meu pai era sócio em duas joalherias em Copacabana e minha mãe era vendedora em uma joalheria muito famosa, em Ipanema. Por ser uma das únicas japonesas e tão competente no que fazia, era muito requisitada (os japoneses eram ótimos compradores). Ela diversas vezes trabalhava aos domingos e feriados também. E para compensar a ausência, presentes e mais presentes fora de hora para mim.
Nada de apanhar, nada de ficar de castigo, nada de limites. Se tirava notas boas, ótimo. Se não tirava, também. Nada mudava.


Minha rotina era acompanhada de perto pelas empregadas da nossa casa e por uma tia, irmã do meu pai, que morava com a gente, a tia Yvonne. Ela era como uma avó pra mim. Quando morreu, eu tinha 19 anos e sofri demais.
Ela e as empregadas é quem me levavam pra escola, me buscavam, me levavam pro balé, pro jazz, pra natação, pra aula de piano, de inglês, japonês... e também ao cinema e à Casa de Rui Barbosa, onde cresci brincando. 
 

Talvez por ter mais tempo do que minha mãe, meu pai me acompanhava mais. Ele costumava me levar para nadar no clube - o Fluminense - e até hoje adora narrar minhas travessuras na piscina. Ele gostava também de me ver jogando handebol nas olimpíadas escolares, principalmente quando elas aconteciam dentro do Forte São João, na Urca. Conta cheio de orgulho que os outros pais diziam: "Essa menina é danada"! 
E na minha primeira audição de piano ele foi e, pra ele, eu fui a mais aplaudida. Já minha mãe não foi, ficou com receio. Passei a vida achando que ela tinha ficado presa no trabalho, mas há pouco tempo ela me confessou que não foi porque achou que eu não iria tocar bem... Santa cobrança, Batman...

Abuso aos 12 anos

Fiquei menstruada pela primeira vez aos dez anos. Com isso, meu corpo se desenvolveu rapidamente, precisei usar sutiã e me tornei a garota mais alta da turma. Quando eu estava na 6ª série - hoje o 7º ano do ensino médio -, comecei a ser assediada por um professor. Ele era jovem, devia ter 25 ou 26 anos, não era bonito, mas praticava esportes radicais, andava com roupas de grife e, acho que por isso, chamava a atenção de algumas meninas.
  
Um dia, durante o recreio, um grupo de amigas presenciou uma dessas investidas. Ele mandava recados por elas, dizia que era apaixonado por mim, que queria namorar comigo. Isso me deixou muito envergonhada.
Mas como a maioria das crianças que sofrem algum tipo de abuso, eu me sentia culpada também; achava que de alguma forma eu tinha provocado aquela situação. Pedi então para a minha mãe me tirar da escola - a escola onde estudava desde o pré-escolar, onde tinha todos os meus amigos, onde era representante de turma, capitã do time de handebol...
Ela estranhou o pedido, mas não a ponto de impedir que eu tomasse a decisão. Acho que ali faltou diálogo, sensibilidade, entrosamento entre meus pais e eu. Se eles tivessem forçado a barra, talvez tivessem descoberto a tempo o que estava acontecendo comigo.

Mudei de escola, mas os problemas não pararam. O tal professor descobriu meu novo colégio e passou a me esperar do outro lado da calçada na hora da saída. Me esperava também na porta da academia onde eu malhava e às vezes me seguia até em casa. Eu sempre andava acompanhada de uma empregada, mas isso não o intimidava. Um dia me colocou dentro do carro dele e me levou para um "passeio". Nesse passeio, abusou de mim. 

Eu ainda era muito ingênua, continuava sendo a menina que não falava palavrão e nem usava maquiagem. Mas a partir daquele dia, sei que alguma coisa dentro de mim mudou. Mudou pra pior.

Corri para a casa de uma amiga e contei o que tinha acontecido. Ela me explicou calmamente tudo o que sabia, já que tinha um irmão. "Meninos fazem coisas estranhas mesmo, meio nojentas, mas se fizeram com você é porque te acham bonita". Quanta ingenuidade...

Meu pesadelo só acabou quando criei coragem de contar pra minha mãe. Naquele dia, ele ligou pra minha casa e ficou dizendo coisas obscenas pra mim, coisas que na época eu não entendi, mas sabia que eram "inadequadas". Chamei minha mãe e pedi para ela escutar a conversa na extensão. Uma frase foi suficiente para deixá-la transtornada. Lembro que ela gritava: "Se você procurar a minha filha de novo, eu te mato!" Felizmente, não precisou matar. Ele me deixou em paz.

Em paz é modo de dizer porque carreguei esse trauma comigo durante anos e anos. E a isso, mais tarde, somatizou-se o alcoolismo do meu pai, a aposentadoria da minha mãe e a consequente queda no nosso padrão de vida, a minha entrada na faculdade, a preocupação com o meu futuro... e de uma menina tranquila e estudiosa, passei a me comportar mal, a beber, fumar, repeti de ano, fiquei completamente desconcentrada, sem foco e agressiva. Me sentia perdida, desprotegida, um barco à deriva. E é assim que se sente um jovem sem um direcionamento, sem limitações, sem a segurança que só uma família pode proporcionar.

Aos 21, a primeira crise de pânico e o início da minha luta por sanidade.

Somente há dois anos mais ou menos é que levei esse assunto para a minha terapia e comecei a enfrentá-lo. Não omiti propositalmente, era como se eu tivesse colocado essa "sujeira" embaixo do tapete e esquecido por lá.
Quando esse assunto veio à tona, passei mal, chorei muito, mas minha psicóloga me convenceu de que era necessário falarmos sobre isso. Então seguimos em frente. Hoje, relembrando tudo, minhas mãos suam frio e meu coração bate disparado. É claro que não me faz bem, mas achei que era o momento de falar abertamente sobre isso com vocês e alertar sobre a necessidade de se manter um bom relacionamento com os filhos, com os netos, com os alunos. De prestar atenção em mudanças bruscas de comportamento, em uma tristeza aparentemente sem motivo. Queria acrescentar ainda que não me faltou amor dos meus pais, eles sempre foram carinhosos e dedicados dentro das possibilidades deles. Me faltou atenção, esclarecimento por parte deles. E h
oje temos muita informação ao nosso alcance, profissionais bem mais preparados para ajudar nesse tipo de situação, remédios e terapias eficazes. Temos muito mais chance de evitar que isso aconteça.

Gostaria de dividir com vocês também um trecho do livro que estou lendo e que tem tudo a ver com o que acabei de relatar. Um grande abraço a todos, coragem, força, amor e paz!

Vítimas de maus-tratos na infância

"Alguém que tenha sido o predileto incontestável de sua mãe carrega pela vida afora um sentimento de vitória e uma certeza de ser bem-sucedido, que frequentemente levam de fato ao sucesso." A frase é do pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939). Ela mostra como o cuidado e o amor na primeira infância são fundamentais para o desenvolvimento saudável e a trajetória de uma pessoa ao longo da vida. Pessoas que foram abandonadas, negligenciadas, sofreram violência física e psicológica ou abuso sexual quando crianças têm mais chances de desenvolver transtornos psíquicos na vida adulta. Os traumas na infância podem predispor a uma série de problemas, como depressão, ansiedade, uso excessivo de álcool e outras drogas, distúrbios alimentares e transtornos de personalidade. Estudos estatísticos permitem estimar que entre 25% e 35% das crianças vítimas de maus-tratos terão depressão quando chegarem aos 20 anos de idade.

(...) Em seu livro O inimigo no meu quarto, o psiquiatra e psicanalista Yoram Yovell explica em detalhes como os mecanismos da memória atuam nos eventos traumáticos. "Em momentos de tensão elevada, é possível que o hipocampo, que registra a memória explícita do que está ocorrendo, pare de funcionar. Ao mesmo tempo, a amígdala funciona muito bem, exercendo sua função de memorizar de modo implícito e inconsciente as reações de medo e os estímulos que as provocam". O resultado é o seguinte: "o trauma , em si mesmo, não é lembrado, apesar de ser possível, em certos casos, recordá-lo. Mas o medo e a angústia do trauma são muito bem memorizados, assim como os estímulos ligados a eles". 

Há ainda outros mecanismos envolvidos na relação entre o trauma da infância e os transtornos mentais que surgem na vida adulta. Yovell explica que bebês e crianças que passam por situações de tensão emocional com muita frequência tendem a ter os circuitos cerebrais ligados ao estresse alterados, o que as coloca num estado de "emergência permanente" e as torna mais vulneráveis a episódios de depressão e pânico na vida adulta. 

(...) Os prejuízos causados pelos maus-tratos na infância não ocorrem apenas nos casos graves de abandono, violência física ou abuso sexual. Situações mais sutis também podem causar danos no futuro".

(trecho do livro Não é coisa da sua cabeça, de Naiara Magalhães e José Alberto de Camargo - editora Gutenberg, 2012)

Imagens: internet


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Pânico, depressão e preconceito


Em julho de 1997, estava planejando uma viagem ao Japão com uma amiga. Chegamos a fazer todo o trâmite, fomos juntas ao consulado, à São Paulo para fazermos alguns exames médicos... pretendíamos trabalhar durante um tempo e aprender o idioma na bela terra dos nossos pais. Acontece que naquele mesmo ano, meses antes, eu tive minha primeira crise de pânico e minha psicóloga me aconselhou a não viajar. Os argumentos dela eram fortes: como é que eu ficaria dentro de um avião durante 24 horas - que é o tempo estimado da viagem - se não conseguia ficar por 10 minutos dentro de um ônibus, sem passar mal? E se eu precisasse de ajuda no Japão? Eu não dominava a língua... E será que no Japão eles sabiam o que era Síndrome do Pânico? Será que eu teria a assistência que precisava? Bom, nem preciso dizer que fiquei com muito medo  e desisti de tudo, bem em cima da hora, quando tínhamos que marcar a passagem. Minha amiga ficou muito chateada comigo, achou que era frescura. Infelizmente, naquela época a doença era muito menos conhecida do que hoje. Passei por vários outros julgamentos equivocados, e este é um dos motivos que me fazem estar aqui, alimentando este blog.


A Síndrome do Pânico e a Depressão 
Por Dr. Hidemitsu Hishinuma

Com essa sensação de impotência, de inutilidade, a alegria de viver desaparece, diminui o brilho, o dinamismo e a espontaneidade; com isto, desenvolve-se um estado depressivo, que na maior parte das vezes é confundido com a depressão comum.

Existem crianças que só de ter que ir à escola apresentam mal-estar como náuseas, enjôos ou dores na barriga.
Como a maioria dos sintomas são físicos, as pessoas procuram outros profissionais, como cardiologistas, neurologistas, gastroenterologistas, clínicos e homeopatas, quando na realidade deveriam procurar o psiquiatra. A pessoa faz uma bateria de exames, desde eletrocardiograma, ecocardiograma, raios-X, exames de sangue e outros, e nada de anormal é detectado. Desesperado, parte até para centros espíritas.

O pânico não é detectável por nenhum tipo de exame laboratorial, apenas clinicamente. Os pronto-socorros cardiológicos ou cardiologistas são os primeiros a serem procurados devido à taquicardia, dor no peito e a dormência, depois os outros profissionais, deixando por último, até por preconceito, os psiquiatras. Dez por cento dos atendimentos cardiológicos são portadores da síndrome do pânico, que examinados pelos cardiologistas constatam que não há quaisquer anomalias. A síndrome do pânico não é uma doença psicológica, e sim física. O que ocorre é um desequilíbrio de determinada área do cérebro, alterando a química dos neuro-transmissores, responsáveis pelos impulsos nervosos. O sistema nervoso central é que comanda as funções vitais do nosso corpo, por isso ocorrem uma série de alterações no nosso organismo, é o que chamamos de D.N.V (distúrbios neuro-vegetativos).

É muito comum aos portadores da síndrome um medo constante de sentir-se mal na rua e em outras situações onde a saída e o socorro seriam difíceis. É a agorafobia, em que a pessoa apresenta uma esquiva fóbica em relação a diversas situações públicas. Com esse medo, a pessoa não consegue mais freqüentar ambientes cheios, tais como supermercados, shoppings, cinemas, teatros, bancos cheios, filas, multidões, etc. Também é comum sentir pânico de altura, de elevador, de avião, túnel, ponte Rio-Niterói, de temporal, de afastar-se de casa para outras cidades ou países; são situações onde a saída e o socorro são difíceis. Cria desculpas para não sair de casa. E, com freqüência devido à incompreensão, começam a surgir os problemas familiares. Devido o mal estar constante, o ambiente familiar fica comprometido, chegando até a separação.

O portador do pânico sofre duplamente, pois além do sofrimento físico que a própria doença proporciona, sofre por não ser compreendido por alguns familiares. É comum o portador da síndrome ouvir frases como “reaja!”, “isso é frescura...”, “pára de chilique”, “você tem medo do quê?”

Fonte: site A Síndrome do Pânico Tem Cura

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Reação da Família


Dr. Drauzio Varella entrevista o psiquiatra Marcio Bernik (última parte)


Drauzio – Como a família deve portar-se diante de um portador do transtorno de pânico?
Bernik – O pânico, como todas as doenças psiquiátricas, não dá pintas vermelhas na cara como o sarampo nem 39º de febre. Por isso, é muito comum a família entendê-lo como uma forma de fraqueza moral e de personalidade e reagir da seguinte maneira: “eu também não gosto de trânsito, mas vou trabalhar todos os dias”. Por isso, é de importância fundamental a conscientização da família. Grupos de auto-ajuda, livros sobre o assunto ou mesmo a internet podem ser úteis para que os familiares entendam a natureza da doença. O mal-estar que o paciente experimenta num congestionamento é muito diferente do desconforto que qualquer um de nós possa sentir. Por outro lado, o excesso de compreensão pode favorecer a esquiva fóbica e a pessoa não sai mais de casa nem para ir à padaria. Na verdade, a agorafobia cresce com os bons cuidados. A família deve incentivar a atividade do doente. “Eu sei que você não se sente bem, mas é importante continuar indo à escola”, ou “se você conseguisse ir ao clube, ir trabalhar e não pedisse demissão seria melhor para sua auto-estima” são estímulos importantes para os pacientes com síndrome do pânico. Repouso é bom para gripe. Para doenças crônicas como depressão e pânico que muitas vezes a pessoa carrega pela vida afora, o pior é ficar em casa repousando. O certo é levar vida o mais normal possível apesar das dificuldades.