Rosanna Mannarinno foi minha psicóloga durante cerca de dois anos e depois de me ajudar da melhor maneira possível a enfrentar um período bastante difícil com o pânico e a ansiedade generalizada tornou-se minha amiga e parceira no Sem Transtorno. De maneira voluntária, acompanha todas as reuniões do nosso Grupo de Apoio na Barra da Tijuca, no Rio.
Neste bate-papo, ela nos dá suas impressões sobre o tratamento da ansiedade.
ST - Rosanna, quais são as principais queixas dos pacientes que a procuram para tratar transtornos de ansiedade?
O medo por não saber o que está acontecendo com eles, por não conseguirem dar conta de algumas áreas de sua vida devido às crises de pânico. A grande maioria vai em busca de ajuda após várias tentativas, por si só, de darem conta da situação. Entender o que está acontecendo é o principal motivo que os leva à busca de um profissional.
ST - Você percebe características em comum entre esses pacientes?
Percebo algumas características nos clientes com diagnóstico de pânico. São pessoas que sempre, de alguma forma, deram conta de tudo e que estão disponíveis ao outro. São controladoras. E a atitude de controlar o outro pode aparecer maquiada por um interesse genuíno e sincero de gerar bem estar.
ST - Entre os homens, quais são os traços de personalidade mais marcantes? Você poderia apontar algum?
Percebo que muitos homens ansiosos procuram atividades que envolvem certo grau de estresse e / ou risco. Eles têm como lazer atividades que ativem a adrenalina, como motociclismo, mergulho, grandes viagens. Mesmo que alguns não consigam colocar em prática.
ST - Dentre os transtornos de ansiedade (pânico, ansiedade generalizada, estresse pós traumático, fobias específicas, fobia social), quais são as mais frequentes em seu consultório?
Pânico e TAG (ansiedade generalizada).
ST - Qual a abordagem indicada para tratar pacientes com transtornos de ansiedade, especialmente pânico e ansiedade generalizada?
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é a que apresenta maior eficácia na questão da ansiedade e do pânico, mas também pode-se utilizar outras técnicas que vão complementar e auxiliar no tratamento.
ST - Existe alguma expectativa quanto à duração do tratamento?
Não é possível definir o tempo exato, mas a duração mínima prevista é de 6 meses. Vários fatores interferem nesta previsão, como a resistência do paciente, o grau da ansiedade e do pânico, a construção do rapport*, a resistência do paciente para um tratamento medicamentoso quando necessário.
*rapport é um conceito do ramo da psicologia, diz respeito à ligação de sintonia e empatia com outra pessoa.
ST - E qual é a sua opinião sobre o uso de remédios no tratamento?
É importante passar por uma avaliação médica, mas percebe-se que quando o paciente tem dificuldade em aceitar a medicação ele tem maior dificuldade para evoluir no tratamento, podendo com isso intensificar a construção de pensamento negativos, de incapacidade, e reforçando o desconforto.
ST - Além do tratamento convencional (terapia + medicação), você teria sugestões para melhorar a qualidade de vida dos pacientes?
O exercício físico é importante; aprender técnicas de relaxamento, ter percepção e cuidado com a respiração também. É importante para aprender a diminuir a frequência cardíaca, com isso a respiração torna-se mais lenta e profunda e, consequentemente, os músculos ficam mais relaxados. Procuro orientar que o paciente exercite esse controle da respiração, pois durante a crise de pânico ele não irá conseguir colocar em prática se não tiver criado o hábito. O lazer também é muito importante, assim como uma boa alimentação e beber bastante líquido.
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(foto: Karen Terahata) |
Rosanna Talarico Mannarino é Psicóloga Clínica, pós-graduada em terapia familiar e em tratamento e prevenção à dependência química. Tem formação em TCC e arte terapia. Contato: (21) 9165-0576 rosanna.talarico@yahoo.com.br (CRP 23434/05)