Todo mundo passa por períodos de stress, tristeza, luto e conflito, então quando você não
se sente muito bem pode ser difícil saber se é hora de procurar um profissional para lidar com o problema.
A prioridade da comunidade psiquiátrica é identificar e atender aqueles que tem doenças mentais diagnosticáveis, mas a ajuda psicológica para quem tem algum problema que não seja tão óbvio pode ser igualmente importante. Além de sofrer sem necessidade, quem está nessa situação pode ter o quadro agravado justamente por falta de tratamento profissional. “Quanto mais cedo se procura ajuda, mais fácil é resolver o problema”, diz o psicólogo Daniel J. Reidenber. “O tratamento vai ser mais curto e menos estressante.”
Os psicólogos atribuem a baixa procura por ajuda médica ao estigma e aos mitos ligados à terapia: a ideia de que seja algo para gente louca, que a ajuda de um profissional seja um sinal de fraqueza ou tome tempo e custe caro demais. Nada disso é verdade, diz a psicóloga Mary Alvord.
“Um tratamento não precisa envolver análise quatro vezes por semana; tenho pacientes que vêm para apenas duas sessões ou para terapia comportamental durante um ano”, diz Alvord. “As pessoas acham que vão se tornar prisioneiras do tratamento, mas isso simplesmente não é verdade.”
“Existe um estigma injustificado ligado às doenças mentais, e olhe que nem estamos falando de uma doença mental”, diz Reidenberg. “Estamos falando apenas da vida e das dificuldades dela. Os benefícios da psicoterapia podem ser vistos mais como formas de aliviar o estresse, como exercícios físicos ou uma alimentação correta – estratégias que podem ajudar no dia-a-dia e a aliviar tensões.”
Então quais são os sinais de que pode ser a hora de marcar uma consulta? Pedimos que Reidenberg, Alvord e a psicóloga Dorothea Lack indicassem a que sintomas devemos estar atentos quando não nos sentimos muito bem. A principal conclusão? É apenas uma questão de avaliar sua capacidade de tolerância – tudo o que lhe faz sentir oprimido ou te impede de funcionar direito merece a atenção de um terapeuta, assistente social ou psicólogo.
Todas as suas emoções são intensas
“Todo mundo fica nervoso e triste, mas e a intensidade? E a frequência? Isso te atrapalha ou prejudica a sua vida?”, pergunta Alvord.
A sensação de ser regularmente dominado pela tristeza ou pela raiva pode indicar algo mais profundo, mas é preciso prestar atenção a uma outra coisa: o catastrofismo. Quando um desafio aparece de repente, você imediatamente se prepara para o pior? Esse tipo de ansiedade extrema, em que as preocupações são desproporcionais e os cenários pessimistas passam a se tornar cenários realistas, pode ser profundamente debilitante.
“Pode ser paralisante, levar a ataques de pânico e até mesmo a evitar as coisas”, diz Alvord. “Se sua vida começa a se contrair porque você está se omitindo, é provavelmente a hora de procurar alguém.”
Você passou por um trauma e não consegue parar de pensar no assunto
A dor de uma morte na família, uma separação ou a perda do emprego podem ser suficientes para exigir algum tipo de aconselhamento. “A tendência é achar que esse tipo de sensação vai embora sozinha”, diz Alvord, lembrando que nem sempre este é o caso. O luto pode nos atrapalhar no dia a dia e nos afastar dos amigos. Se você perceber que está se distanciando, ou se seus amigos notarem o mesmo, talvez seja a hora de procurar alguém para tentar entender como o evento ainda está te afetando. Por outro lado, algumas pessoas reagem às perdas com uma reação mais maníaca - buscam os amigos incessantemente e têm problemas para dormir. Estes também são sinais de alerta.
Você tem dores de cabeça recorrentes e inexplicáveis, dores de estômago ou baixa resistência
"Se estamos emocionalmente abalados, o corpo pode ser afetado", diz Alvord. Pesquisas confirmam que o estresse pode se manifestar de diversas formas, de problemas estomacais crônicos a dores de cabeças, resfriados e redução do apetite sexual. Reidenberg afirma que há outros indícios menos frequentes, como dores musculares repentinas (ou seja, não aquelas que aparecem depois da academia) ou dores no pescoço.
Você está usando alguma substância para aguentar o dia a dia
Se você percebe que está bebendo ou usando drogas em maiores quantidades ou com maior frequência - ou até mesmo pensando mais em bebidas ou drogas -, pode ser um sinal de que você queira anestesiar algum tipo de sensação. Mas essa substância pode não ser o álcool ou droga: pode ser comida. Reidenberg nota que mudanças no apetite podem ser um sinal de que nem tudo está bem. Comer demais, ou de menos, pode indicar estresse ou sinalizar que você não está querendo cuidar de si mesmo.
Você não está rendendo no trabalho
Mudanças na performance no trabalho são comuns entre aqueles que enfrentam questões emocionais ou psicológicas. Você pode se sentir desconectado do trabalho, segundo Reidenberg, mesmo que antes gostasse do que faz. Além de afetar a concentração e a atenção, você pode começar a receber críticas dos seus chefes ou colegas. Pode ser um sinal de que é hora de buscar um profissional.
"Adultos passam a maior parte do tempo no trabalho", diz Reidenberg. "Então as pessoas que reparam são aquelas que têm de compensar, como em uma família."
Você se sente desconectado daquilo que gostava de fazer
Se seus clubes, encontros de amigos e família estão perdendo a graça, pode ser um sintoma de que algo está errado, explica Reidenberg. "Se você está desiludido, achando que nada faz sentido, buscar terapia pode ajudar a clarear o ar ou procurar uma nova direção."
Seus relacionamentos estão desgastados
Você tem dificuldades para explicar como realmente está se sentindo – ou mesmo para identificar suas emoções? Se você se sente infeliz durante as interações com aqueles que ama, pode ser um candidato para uma terapia de casal ou de família, diz Alvord.
“Podemos ajudar as pessoas a escolher melhor as palavras – e ensinamos que não é só o que você está dizendo que importa, mas também sua linguagem corporal e sua atitude”, diz Alvord.
Seus amigos dizem que estão preocupados com você
Amigos podem perceber padrões que não conseguimos identificar nós mesmos, portanto é importante considerar a perspectiva daqueles que estão à sua volta.
“Se alguém que faz parte da sua vida diz algo como: ‘Você falou com alguém sobre isso?’ ou ‘Você está bem? Estou preocupado com você’ – é um sinal de que você provavelmente deveria ouvir o conselho”, diz Reidenberg.
(fonte: brasilpost.com.br)
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