A Editora Schoba e o Sem Transtorno têm o prazer de anunciar as três leitoras escolhidas para receberem o livro "A garota que tinha medo", de Breno Melo, e terem suas vivências com o transtorno do pânico publicadas aqui no blog:
- Maria Helena - São Luís (MA)
- Jane Peixoto - Rio de Janeiro (RJ)
- Ana Beatriz - Bicas (MG)
As três experiências têm em comum o medo causado pelo início dos ataques de pânico, a busca por atendimento e um diagnóstico em diversos prontos-socorros e a relevante melhora após o reconhecimento da doença e o início de um tratamento adequado.
Tenho certeza de que elas inspirarão muitos de vocês.
Tenho certeza de que elas inspirarão muitos de vocês.
A minha primeira crise de pânico aconteceu há uns 15 anos.
Estava passando por um momento pessoal muito complicado, recém separada, tentando recomeçar um novo relacionamento. Recebia cobranças excessivas do então atual namorado e do ex-marido.
Durante esse período, também estava vendo
minha irmã mais velha falecer. Ela estava muito doente e seria a nossa primeira
perda na família após o falecimento do meu pai, em 1972. Acho que tudo isso foi demais pra mim.
Tudo começou sem que eu me desse conta.
Ao acordar, eu iniciava a minha rotina diária normalmente. Quando se aproximava a hora de ir pro trabalho, era o mesmo processo todo dia: mãos suadas, nervosismo, coração acelerado achando que poderia passar mal na rua e que não teria ninguém para me socorrer.
Eu passava na casa da minha irmã Anailza, ela me fazia ler a bíblia, eu lia alguns salmos, pedia a proteção divina, tentava me acalmar. Gastava em taxi para ir pro trabalho e às vezes também para voltar (já não voltava mais do trabalho sozinha).
Nesse momento terrível, eu estava brigada com o namorado. Então meu ex- marido sempre recebia ligações da minha amiga de trabalho para ir me buscar, por eu não ter condições de voltar sozinha.
Depois de uma semana e alguns dias vivendo esses momentos de terror, procurei um clínico geral.
A médica me falou em síndrome de pânico e me passou uma medicação que me fazia sentir mal. Eu ficava trêmula e com medo de tomar o remédio. Então desisti do remédio e da médica.
Em uma das minhas consultas com uma endocrinologista para tratar hipotireoidismo, falei sobre o que sentia e ela me falou que com certeza era síndrome de pânico. Que era para eu parar com preconceitos e aceitar o tratamento.
Me passou remédios feitos em farmácia de manipulação, caríssimos na época.
Durante esse período, minha outra irmã Celeste me levou a um centro espírita em que ela era colaboradora.
Conversei com a dirigente do centro após o estudo do evangelho e ela me aplicou alguns passes. Disse que em dois dias eu estaria melhor, e foi o que realmente aconteceu.
Com a ajuda dos médicos e do centro espírita não tive mais crises e em três meses parei o tratamento com remédio, assim como parei com as várias restrições impostas por mim mesma (eu não tomava café, não tomava bebidas alcoólicas, tomava muito chá de camomila, de erva cidreira, tentava melhorar de alguma forma).Eu tinha muito medo de adoecer e não poder sustentar meus filhos.
Com o passar dos anos, a sombra do pânico sumiu da minha vida. Achei que ele não existisse mais. No entanto, em novembro de 2013, após um show do cantor Nando Reis em minha cidade, consumi duas doses de vodka com suco de uva. Foi a combustão para detonar minha segunda experiência com o pânico.
O médico me disse que ele já estava lá, o álcool foi só o detonador.
Tudo começou sem que eu me desse conta.
Ao acordar, eu iniciava a minha rotina diária normalmente. Quando se aproximava a hora de ir pro trabalho, era o mesmo processo todo dia: mãos suadas, nervosismo, coração acelerado achando que poderia passar mal na rua e que não teria ninguém para me socorrer.
Eu passava na casa da minha irmã Anailza, ela me fazia ler a bíblia, eu lia alguns salmos, pedia a proteção divina, tentava me acalmar. Gastava em taxi para ir pro trabalho e às vezes também para voltar (já não voltava mais do trabalho sozinha).
Nesse momento terrível, eu estava brigada com o namorado. Então meu ex- marido sempre recebia ligações da minha amiga de trabalho para ir me buscar, por eu não ter condições de voltar sozinha.
Depois de uma semana e alguns dias vivendo esses momentos de terror, procurei um clínico geral.
A médica me falou em síndrome de pânico e me passou uma medicação que me fazia sentir mal. Eu ficava trêmula e com medo de tomar o remédio. Então desisti do remédio e da médica.
Em uma das minhas consultas com uma endocrinologista para tratar hipotireoidismo, falei sobre o que sentia e ela me falou que com certeza era síndrome de pânico. Que era para eu parar com preconceitos e aceitar o tratamento.
Me passou remédios feitos em farmácia de manipulação, caríssimos na época.
Durante esse período, minha outra irmã Celeste me levou a um centro espírita em que ela era colaboradora.
Conversei com a dirigente do centro após o estudo do evangelho e ela me aplicou alguns passes. Disse que em dois dias eu estaria melhor, e foi o que realmente aconteceu.
Com a ajuda dos médicos e do centro espírita não tive mais crises e em três meses parei o tratamento com remédio, assim como parei com as várias restrições impostas por mim mesma (eu não tomava café, não tomava bebidas alcoólicas, tomava muito chá de camomila, de erva cidreira, tentava melhorar de alguma forma).Eu tinha muito medo de adoecer e não poder sustentar meus filhos.
Com o passar dos anos, a sombra do pânico sumiu da minha vida. Achei que ele não existisse mais. No entanto, em novembro de 2013, após um show do cantor Nando Reis em minha cidade, consumi duas doses de vodka com suco de uva. Foi a combustão para detonar minha segunda experiência com o pânico.
O médico me disse que ele já estava lá, o álcool foi só o detonador.
Ao acordar pela manhã, senti algo diferente no meu corpo. Achei que fosse ressaca, mas era uma sensação interna esquisita.
Ao chegar ao trabalho, os sintomas começaram, só que agora diferentes, com terríveis enjoos, cansaço, mãos geladas, dores no estômago, frio, pressão alterada. Achava sempre que estava tendo um infarto ou um AVC.
Minhas duas irmãs me perguntaram se não seria ele (o pânico) voltando, mas eu não quis acreditar.
Numa dessas
crises, passei uma tarde inteira em observação no hospital achando que ia morrer e com meu filho de 19
anos assustado e nervoso ao meu lado. Já não
conseguia mais trabalhar direito, fazia tudo rápido antes que a crise chegasse, e já não falava com os colegas de trabalho porque não queria que me fizessem perguntas.
Às vezes, quando já não aguentava mais, aquele meu namorado na primeira crise - e hoje um amigo muito querido - me levava para casa. No trajeto de volta eu melhorava e tudo passava. As crises duravam uns 10 minutos, mas pareciam horas tamanho o horror que sentia.
Passei mais ou menos uma semana desse jeito, perdi peso rápido e só sentia vontade de ficar deitada, encolhida, com uma carência inexplicável. Eu sentia que estava doente, meu corpo me dizia isso.
Minha família sempre foi muito unida quando se trata de doença, então a preocupação é bem maior. Nesse período eu não andava sozinha, tinha medo, e minha irmã pediu a um outro irmão que me levasse ao médico. Pela primeira vez consultei um psiquiatra - confesso que com um pouco de receio.
O médico conversou, me ouviu, prescreveu um antidepressivo e um ansiolítico para que cessasse as crises, como de fato cessou logo ao usar os primeiros comprimidos.
No início, os remédios me causavam muito sono. Fiquei com uma aparência não muito boa, emagreci, passei por um período reclusa em casa, quase não ia a festas na família porque não sentia vontade. Eu precisava me tratar, precisava ficar comigo mesma; Passava os fins de semana assistindo filmes ao lado de meus filhos.
Às vezes, quando já não aguentava mais, aquele meu namorado na primeira crise - e hoje um amigo muito querido - me levava para casa. No trajeto de volta eu melhorava e tudo passava. As crises duravam uns 10 minutos, mas pareciam horas tamanho o horror que sentia.
Passei mais ou menos uma semana desse jeito, perdi peso rápido e só sentia vontade de ficar deitada, encolhida, com uma carência inexplicável. Eu sentia que estava doente, meu corpo me dizia isso.
Minha família sempre foi muito unida quando se trata de doença, então a preocupação é bem maior. Nesse período eu não andava sozinha, tinha medo, e minha irmã pediu a um outro irmão que me levasse ao médico. Pela primeira vez consultei um psiquiatra - confesso que com um pouco de receio.
O médico conversou, me ouviu, prescreveu um antidepressivo e um ansiolítico para que cessasse as crises, como de fato cessou logo ao usar os primeiros comprimidos.
No início, os remédios me causavam muito sono. Fiquei com uma aparência não muito boa, emagreci, passei por um período reclusa em casa, quase não ia a festas na família porque não sentia vontade. Eu precisava me tratar, precisava ficar comigo mesma; Passava os fins de semana assistindo filmes ao lado de meus filhos.
Hoje, passados cinco meses do início da segunda crise, estou
vivendo novamente, estou me sentindo bem, de vez em quando aqueles sintomas
conhecidos tentam se aproximar, procuro desviar meus pensamentos, respirar
corretamente e profundo, tenho lido bastante sobre meditação e como ela tem ajudado
pessoas com problemas de ansiedade.
Às vezes estou no trabalho me sentindo ansiosa, vou ao banheiro, fecho os olhos, respiro profundamente e tento me acalmar. Não quero nunca mais na vida sentir o que senti, sei que posso controlar tudo isso me esforçando e crendo.
Às vezes estou no trabalho me sentindo ansiosa, vou ao banheiro, fecho os olhos, respiro profundamente e tento me acalmar. Não quero nunca mais na vida sentir o que senti, sei que posso controlar tudo isso me esforçando e crendo.
Maria Helena Martins Santos
São Luís - MA
Muito bom!
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