De acordo com a plataforma de empregos GetNinjas, só entre abril e setembro do ano passado, a procura por cursos musicais aumentou 31% no Brasil; em São Paulo, as aulas de música on-line bateram os 93% de aumento
Em meio às angústias do isolamento social, imposto pela pandemia, muitas pessoas decidiram se dedicar a novas atividades e explorar habilidades até então desconhecidas, como aprender a tocar um instrumento musical. A música nunca esteve tão em alta. Só entre abril e setembro do ano passado, a procura por cursos musicais aumentou 31% no Brasil; em São Paulo, as aulas de música on-line bateram os 93% de aumento, segundo dados da plataforma de emp
regos GetNinjas.
E quem investiu as energias na aquisição de novos conhecimentos acertou em cheio, conforme analisa André Villela, pesquisador da área de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP. Segundo o psicólogo, qualquer aprendizado é benéfico e, no caso do instrumento musical, envolve “aspectos bem específicos, como o manuseio, a escuta atenta para os timbres, as notas, os tons musicais, a leitura de uma cifra ou de uma partitura, e toda essa equação que resulta, no final das contas, na música”.
O cenário desse aprendizado é classificado por Villela como muito motivador e acrescenta que “há indícios de que aprender a tocar um instrumento” pode refletir positivamente na memória, despertando o interesse pela própria história ou as de “um determinado lugar, um povo, uma cultura, em diálogo bem democrático”.
Outro aspecto destacado pelo pesquisador foi o bem-estar e poder de combater, por exemplo, a ansiedade, sentimento intensificado pela pandemia. Villela diz que o engajamento na prática de um novo instrumento pode ajudar no controle da ansiedade, independentemente do nível do aprendiz. Avançado ou iniciante, “esses benefícios para combater a ansiedade irão acontecer da mesma forma”, acrescenta.
Exemplo de quem resolveu investir na música foi André Pádua. O estudante de 24 anos conta que quis voltar a fazer aulas de música, pois já tocava guitarra e violão, e por causa da pandemia decidiu se aperfeiçoar musicalmente e aprender a tocar um novo instrumento, o cavaquinho. André conta que a atitude trouxe muitas melhorias ao seu dia a dia, modificando sua rotina e deixando seus “dias menos pesados”.
Professor e músico da banda Kilotones, João Paulo Barrionovo integra o projeto Capacitarte, voltado para pessoas com deficiência (PCD) e aprovado pelo Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas/PCD). Segundo o professor de música, vários são os casos de alunos seus que iniciaram atividades musicais para o controle de doenças, entre elas, ansiedade, depressão e transtorno de personalidade. E, afirma, “ajudam muito”.
Barrionovo afirma que não somente quem tem problemas de saúde mental pode conseguir alívio com a música, mas também profissionais com atividades estressantes, como advogados, médicos, dentistas, podem fazer música como terapia. E, por falar nessa importância da atividade musical e seu aumento durante a pandemia, o músico conta que possui alunos adultos que precisaram parar várias atividades, com dificuldades financeiras, mas não deixaram a música.
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