(fonte: jornal O Tempo)
Quando a ansiedade bate, a primeira coisa que Luana Monteiro, 29, sente é dor: nos ombros e na cabeça. A dormência no braço vem em seguida. Depois, a mente fica dispersa, e as mãos começam a suar. Depois de muitos anos sem saber o que ela estava sentindo, a ansiedade aguda que acomete a fotógrafa que mora em Buenos Aires, na Argentina, foi classificada como Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
Luana conta se lembrar dos pensamentos que tinha aos 8 anos. Ela achava que iria morrer e escrevia cartas para a família. Sempre passava mal em pensar na morte da mãe ou da avó. O diagnóstico de TAG, porém, só veio aos 26 anos após um colapso. “As crises ficam em você, fazem parte do seu corpo, mas cabe a você tentar controlar. Elas estão comigo 24 horas por dia”, diz.
Os sintomas sofridos por Luana a colocam com 25% da população mundial que sofre de um de cinco tipos de transtorno de ansiedade: síndrome do pânico, estresse pós-traumático, fobia social, fobias específicas e a TAG. No Brasil, a ansiedade não atinge tanta gente. Em São Paulo, a única cidade brasileira contemplada por uma pesquisa mundial sobre saúde mental da Organização Mundial da Saúde (OMS), 19,9% dos entrevistados disse sofrer com ansiedade.
“A ansiedade é a percepção de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento, é um mecanismo de proteção e de defesa do organismo. O que irá caracterizar os transtornos é a presença de um nível de ansiedade capaz de gerar prejuízos em alguma esfera da vida da pessoa”, explica Michelle Vieira, presidente da Associação dos Portadores de Transtornos de Ansiedade (Aporta).
De acordo com a terapeuta, muitas vezes o problema é confundido com outras doenças, como crise de hipertensão, estresse e depressão e, por isso, o diagnóstico correto pode levar de dois a três anos para ser feito em alguns pacientes.
Diagnóstico
Michelle explica que cada transtorno tem a sua forma específica de diagnóstico, mas, em geral, os médicos costumam avaliar três aspectos: sintomas físicos (palpitação, sudorese, tremores), cognitivos (pensamentos) e comportamentais (alto nível de ansiedade). A presidente da Aporta ainda diz que não é possível falar em cura quando se trata de ansiedade. “A ideia é não curar porque todo mundo precisa desse sentimento. A ansiedade, em um primeiro momento, é positiva, faz a pessoa se movimentar, se organizar e, até determinado limiar, é produtiva. Mas, se o nível fica tão alto a ponto de te paralisar, é preciso investigar”, afirma a especialista.
Grávida. Luana Monteiro, 29, tenta se adaptar sem os remédios. |
Para Luana, o tratamento ideal não envolve medicamentos. Ela conta que os remédios não faziam bem e ela escolheu “tentar conviver com o transtorno”. “Evito as crises fazendo exercícios físicos, diminuindo o consumo de alimentos como café e carne vermelha, e passei a beber produtos à base de maracujá. Ando de bicicleta e faço muay thai, e isso me ajudou muito”, afirma.
Porém, a fotógrafa descobriu que estava grávida e teve que parar com as atividades físicas. “Sofri duas crises leves e tive um início de depressão. Por conta disso, voltarei a fazer os exercícios para evitar uma crise e me preparei para ter uma gravidez tranquila, já que só o fato de estar grávida já me deixa ansiosa. É imprescindível estar relaxada, evitar situações de estresse, ouvir música, descansar e descarregar a ansiedade em exercícios. Conversar com seu parceiro para que ele tente ser mais paciente nesse período é importante também”, conta Luana.
5 maneiras de alívio
Exercite-se: Faça exercícios físicos regularmente.
Desacelere: Respire fundo e sem pressa.
Acalme a mente: Escute as suas músicas favoritas.
Converse: Compartilhar as emoções com outras pessoas pode fazer bem.
Xô baixo astral: Procure manter o bom humor.
O que afeta bastante no meu caso são lugares cheios de gente, muita bagunça, barulho ou movimentação. Fico extremamente ansiosa, agoniada e depois vem uma irritação intensa. Ainda não consegui me livrar dos remédios, mas estou tentando, às vezes sinto que será para a vida toda, mas as vezes me encorajo e retomo as esperanças.
ResponderExcluirMicheline, na minha opinião, mais importante do que se livrar dos remédios é termos qualidade de vida. Graças à medicação, levo uma vida normal e sou grata. Uma boa psicoterapia associada também é muito importante. Infelizmente, nem todos tem acesso. Siga firme na sua coragem e esperança de dias sempre melhores. :) Grande abraço.
ExcluirAcho que no Brasil as pessoas tem medo de admitir que sentem ansiedade acima do normal, a prova disso é que um famoso ansiolitico é o segundo remédio mais vendido em nosso país, perdendo somente para os anticoncepcionais.
ResponderExcluirÉ verdade... por outro lado, muitas pessoas usam o "famoso ansiolítico" sem real necessidade; sem prescrição médica. O que acaba banalizando seu uso.
ExcluirMuito bom saber que não estamos sozinhos! Fernanda
ResponderExcluirÉ verdade, Fernanda, é muito bom sim. :)
ExcluirAbraços.